O felino está na instituição desde junho do ano passado e tem sido o companheiro perfeito para os utentes do lar de idosos

A Santa Casa da Misericórdia de Cardigos adotou um gato ou, como diz a animadora sociocultural, “ele é que nos adotou”. Micas está na instituição desde junho do ano passado e tem sido o companheiro perfeito para os utentes do lar de idosos.

Micas chegou ao lar de forma surpreendente. Ainda bebé, o pequeno gato encontrou o abrigo que precisava na Santa Casa, como conta Ana Tavares animadora sociocultural da instituição. “Ele entrou pela porta dos fornecedores, foi para o refeitório das funcionárias e escondeu-se de baixo de um armário, era muito arisco e não o conseguíamos tirar de lá.” Depois de várias tentativas para resgatar o animal, “começámos logo a dizer que queríamos que o gato ficasse”, contou.

A sugestão de adotar o gato não foi logo aceite pela mesa administrativa, “que ficou reticente com a adoção porque pensavam que seriam necessárias autorizações especiais”, referiu Mónica Marques, diretora técnica da instituição. Assim, e com cada vez mais vontade de adotarem o gato, a Misericórdia “entrou em contacto com várias entidades que tinham animais para perceber o que era necessário em termos legais para o acolher”. Acabaram por concluir que não havia entraves normativos à adoção e o pequeno gato ficou na instituição.

Micas, que agora só responde pelo nome Chico, foi sendo introduzido aos poucos aos utentes. “Não queríamos impor o animal, mas sim que fosse acolhido pelos utentes. E eles acolheram-no bem, sempre tiveram animais e adoraram a ideia”, disse Ana Tavares.

Chico ficou a viver na sala de atividades e à responsabilidade da Dona Nazaré, uma utente de centro de dia que criou uma forte ligação com o felino. “Quando a Dona Nazaré chega de manhã, o Chico salta logo para o andarilho dela para irem passear”, conta entre risos Ana Tavares.

Mas não é só à Dona Nazaré que o Chico faz bem. Segundo Ana Tavares, “o gato faz com que os idosos tenham uma atividade diferente, fá-los terem uma preocupação, a quem cuidar, é sem dúvida uma forma de terapia. Mesmo os que não têm muita mobilidade interagem com o gato, nós colocamo-lo no colo e há uma estimulação”.

De gato “arisco” a animal dócil, Chico é hoje a mascote da Misericórdia de Cardigos e anda de colo em colo a pedir “mimos”, a participar em várias atividades e a posar para as fotografias que, depois de publicadas na página de facebook da instituição, arrancam rasgados elogios.

Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves