O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, participou no painel ‘Narrativas sobre saúde e bem-estar’, no evento de lançamento da rede ‘Prescrição Social em Portugal’, que decorreu a 9 de abril, na Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), em Lisboa. A sessão foi moderada pela enfermeira Carmen Garcia e teve como oradores Paulo Pires, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento (CCDR) de Lisboa e Vale do Tejo, Vasco Fonseca, da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde, Margarida Vieira Mendes e Margarida Rodrigues, da FCG, e Luís Jacob, da Rutis - Rede de Universidades Seniores.

Quando questionado sobre uma eventual participação das Misericórdias na iniciativa, Manuel de Lemos mostrou-se “completamente disponível para colaborar na implementação deste modelo que, ao tirar as pessoas de casa, quebra a solidão, valoriza a sua sabedoria e histórias de vida”. No decorrer do debate, acrescentou ainda que este tipo de ação, “ao gerar bem-estar e saúde, pode diminuir a sobrecarga do sistema hospitalar”.

Em representação da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde, o médico Vasco Fonseca destacou as mais-valias deste tipo de iniciativas com grupos específicos da sociedade, como idosos, pessoas com doença mental ou idosos com cancro, com quem trabalha mais de perto.

Para assegurar a implementação no terreno, Paulo Pires, da CCDR-LVT, considera necessário apostar em “maior literacia em saúde e sensibilização pública, o apoio da criação de evidência científica, capacitação de profissionais de saúde e mapeamento dos recursos da comunidade”.

No final do debate, a moderadora deixou um repto aos promotores da rede: “Não deixem de fora as estruturas residenciais para idosos, as pessoas que lá residem têm atividades de animação, mas precisam de sair. E sabemos que pela falta de recursos humanos, é muito difícil levar as pessoas para fora do lar”.

Neste momento, há mais de 10 projetos de prescrição social em curso nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, no Alentejo, no Algarve e no Norte, que beneficiaram mais de 800 pessoas e referenciaram mais de 1500, adiantou ao jornal Público a diretora da Escola Nacional de Saúde Pública, Sónia Dias, destacando, entre os benefícios, a “redução do isolamento social, da ansiedade e de alguns sintomas depressivos, maior sentimento de pertença, utilização mais adequada dos serviços de saúde”, entre outros.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas