Os trabalhos realizados pelos utentes do Centro Social do Pisão estiveram em destaque numa exposição no CascaiShopping

A exposição “O Meu Olhar – Por Detrás da Alma”, do Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) Casa do Sol, da Misericórdia de Cascais, esteve patente ao público no CascaiShopping pelo quarto ano consecutivo. A mostra resulta de uma parceria com o fotógrafo Nuno Soares Parreira que há já alguns anos acompanha de perto a realidade do Centro de Apoio Social do Pisão, que acolhe pessoas com problemas psiquiátricos e onde funciona a Casa do Sol.

A exposição é, à semelhança de outros anos, baseada em fotografias que foram captadas enquanto os utentes do CAO davam asas à sua imaginação e criavam as peças de artesanato. “No entanto, este ano a mostra trouxe uma novidade ao estarem também em exibição as peças de artesanato”, contou Anabela Gomes, diretora técnica do Centro de Apoio Social do Pisão, onde funciona o CAO – Casa do Sol.

Um relógio, máscaras e borboletas feitas de pedaços de madeira ou uma paisagem feita com bolinhas de papel foram algumas das peças que puderam ser apreciadas. 

A par dos artigos de artesanato também as fotografias em exibição são da autoria dos utentes a quem “a máquina foi dada para a mão e depois eles escolheram um colega/atividade para fotografar”, referiu a diretora técnica, cabendo depois ao fotógrafo a tarefa de fazer melhoramentos de imagem.  

Ao VM, Anabela Gomes disse que esta exposição tem como propósito principal “combater o mais possível o estigma da doença mental” e ser uma “forma de valorizar o trabalho que as pessoas com doenças do foro psicológico desenvolvem”. 

Os utentes já visitaram a exposição e, para a diretora técnica, o impacto foi muito positivo. “Eles adoraram e serem abordados por quem passa sobre os trabalhos foi gratificante para eles”. 

Para além da exposição, a Santa Casa da Misericórdia de Cascais organizou ainda uma tertúlia com a mesma temática no auditório da FNAC onde artistas de diferentes áreas falaram sobre a sua experiência no processo criativo, no que está por detrás da arte, e o que as leva a criar. Para Anabela Gomes “mais do que saber quem foi que fez a peça, se tem doença ou não, esta conversa visou perceber a importância que a arte tem na pessoa e o que a leva à criação”.

Recorde-se que o Centro Social do Pisão acolhe, em regime de internamento, um total de 340 adultos com patologia psiquiátrica de ambos os sexos (275 homens e 65 mulheres).

Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves