Os custos dos doentes e o panorama atual da comparticipação pelo Estado para a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) foi um dos temas centrais das Jornadas de Cuidados Continuados Integrados promovidas pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP), em Fátima.

No decorrer do encontro, salientando sempre a importância da RNCCI como um pilar do Serviço Nacional de Saúde (SNS), foram propostas e sugeridas ao Estado estratégias mais eficientes para encontrar soluções que possam ajudar as Misericórdias a cuidar melhor das pessoas e a garantir a sustentabilidade e os padrões de qualidade nas suas unidades de cuidados continuados. 

Neste sentido, cumpre salientar o alargado debate que envolveu mais de 300 participantes que ao longo dos dois dias das Jornadas analisaram o momento atual e os problemas do quotidiano da RNCCI.

A UMP apresentou também um estudo de sustentabilidade, realizado a 11 unidades de cuidados continuados de longa duração e manutenção de Misericórdias provenientes do Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, que analisou os custos de um total de 429 doentes.

O estudo demonstrou que a situação clínica dos doentes tem implicações diretas nos custos diários das unidades. Em nove das unidades de cuidados continuados das Misericórdias analisadas a comparticipação do Estado, que é equivalente a 60,19€ por utente ao dia, não cobre os custos diários.

Considerando a sustentabilidade da rede, as Jornadas da UMP incidiram assim na qualidade da prestação aos utentes da RNCCI e na necessidade de repensar o modelo de financiamento das unidades de cuidados continuados. 

Essa estratégia deve começar por recuperar os valores da comparticipação correspondentes aos custos da severidade e da complexidade clínicas, que nos últimos anos não foram assumidos pelo Estado.