“Oi, tudo bem aí? Sim vocês aí que estão a ler o meu texto. A minha vida mudou quando entrei neste colégio porque eu estava habituado a ter uma vida de vadio. O lar ajudou-me a não ter medo de me expor para o ‘mundo’ e não ser tímido”. Quem o diz é Rafael, nome fictício, que com 14 anos vive no Lar D. Nuno Álvares Pereira.
A esta história junta-se outras 55 (42 residentes e 13 ex-residentes). Uns lembram o dia em que entraram na instituição, os medos, as incertezas. Outros não esquecem a mágoa de estar longe da família. Há ainda quem olhe para o lar como uma fonte de oportunidades que se deve aproveitar.
Para além dos relatos das crianças e jovens este livro conta ainda com perspetivas técnicas sobre a questão do acolhimento e com o depoimento de uma cuidadora, Maria, que diz ter “no coração muitos filhos emprestados, afilhados, netos e amizades para a vida”.
Segundo Adelaide Pinheiro, psicóloga que assina o texto de introdução, a edição surgiu da necessidade de partilhar a realidade do acolhimento residencial “na voz daqueles que lá vivem e viveram”.
Em nota de agradecimento, o provedor da Misericórdia de Almada refere que através deste conjunto de depoimentos é possível perceber “as vidas sofridas que estas crianças têm”. No mesmo texto, Francisco Barbosa destaca que a edição apenas foi possível por causa da “dedicação e competência da equipa dirigente e técnica, assim como de todos os trabalhadores das várias gerações” que passaram pelo lar.
Voz das Misericórdias, Sara Pires Alves