A semana era de resguardo natural em casa, mas, com os dias de férias na escola, os mais novos puderam frequentar centro de atividades de tempos livres (CATL) da Santa Casa da Misericórdia de Penalva do Castelo que abriu portas numa semana que, devido à pandemia de Covid-19, foi atípica, mas, desta vez, pelas melhores razões.
“O nosso CATL Aprender a Brincar é constituído por cerca de 40 crianças que viveram, nestas férias da Páscoa, momentos incríveis, com muita animação, com brincadeiras, conheceram novos lugares, estreitaram laços entre eles, porque já não se viam há mais de um mês e, ao mesmo tempo, estudaram e fizeram os trabalhos de casa. Foi uma semana em que foram felizes e foram exatamente isso: crianças”, sintetizou a provedora da Santa Casa.
Joana Cardoso contou ao VM que, no decorrer da semana que antecedeu a Páscoa, estas crianças, entre os três e os 12 anos, tiveram oportunidade de, pela manhã, dedicarem-se ao estudo e, à tarde, todos os dias os esperava uma nova aventura.
“Isto foi pensado no sentido de melhorar, ao máximo, a parte mental das crianças que, obviamente, fica comprometida estando, de janeiro a março, isoladas em casa com aulas online, computadores, televisão. O objetivo foi precisamente distanciar as crianças dessas tecnologias”, admitiu Joana Cardoso.
Situados no centro da vila e perto de tudo, estas crianças circularam sempre a pé, ao ar livre, em dias em que as ruas se encontravam desertas, devido ao confinamento imposto pelo Estado devido à pandemia, e cumpriram sempre com as regras de higiene e distanciamento. A este propósito, a provedora destaca a “logística enorme para proporcionar às crianças estas visitas”, com pedidos de autorização e compromisso no cumprimento das regras.
A queijaria da Casa da Ínsua, a cerca de 500 metros do CATL, foi alvo de visita onde, separados por vidros, puderam ver e aprender a fazer o queijo da serra. Um momento de aprendizagem e de conhecimento de um produto tão típico na região de Penalva do Castelo.
A horta do centro de noite da Santa Casa também foi local para atividades, com a plantação de morangos e outros produtos hortícolas e as crianças levaram ainda uma lembrança para cada um dos idosos. “Foi um momento de muita interação, apesar da distância e da separação dos vidros. Os idosos ficaram muito contentes”.
Habituados que estavam a ter as crianças como vizinhos, desde o início da pandemia, a vizinhança “mudou-se” e, com esta visita, os mais velhos puderam sentir e ouvir a presença das crianças que não esconderam a sua alegria na visita. “Tínhamos tantas saudades de ouvir as crianças”, manifestaram, dias mais tarde, os residentes do centro de noite à provedora da Santa Casa da Misericórdia de Penalva do Castelo.
Num outro dia, a aventura passou pelo forno comunitário que, à semelhança da queijaria, abriu só para eles e onde cada um confecionou o seu bolo de azeite. O bolo de azeite é uma iguaria típica na altura da Páscoa nesta zona.
Na biblioteca municipal, que também abriu portas só para os receber, não faltaram histórias para os levar em aventuras e fazer sonhar.
E porque a época que se vivia pede caça aos ovos, o CATL não abdicou da brincadeira e colocou, no seu espaço exterior, as cerca de 40 crianças em busca daquele que era o maior tesouro naquele dia, o ovo da Páscoa.
Esta semana atípica organizada pela santa casa teve como objetivo proporcionar aos mais novos uma “espécie de vida normal” e também “atividades diferentes, porque, algumas delas, de outra forma não teriam oportunidade de, por exemplo, ir visitar uma queijaria”.
Joana Cardoso confessou ao Voz das Misericórdias que “as crianças andavam visivelmente felizes e contentes, até porque foi o reencontro entre eles, que tinha acontecido dias antes, e houve inclusive pais a dizer que, naquela semana, as crianças tinham chegado a casa ainda mais felizes”.
“Conseguimos equilíbrio, conforto, motivação, porque apesar de tudo era só uma semana de férias e acabava por exigir algum acompanhamento no estudo, e, por isso, era preciso aproveitar para motivar as crianças para o período escolar seguinte que começava na segunda-feira seguinte”, disse.
Ou seja, o “objetivo foi cumprido e é para repetir”, assumiu Joana Cardoso que acabou por dizer que, à sexta-feira, as atividades no CATL Aprender a Brincar são diferentes como aconteceu logo no resto do mês de abril.
De segunda a quinta-feira o CATL proporciona horas de estudo e outras atividades mais rotineiras e, à sexta-feira, faz por ter “atividades diferentes” e, por exemplo, ainda no mês de abril as crianças “exploraram objetos e usaram tintas dançantes”.
Como abril é o mês da Prevenção dos Maus Tratos na Infância as crianças, numa outra sexta-feira, coloriram “uma camisola por um direito”, ou seja, pegaram numa camisola branca e coloriram com laços e outros materiais para ilustrar os direitos dos mais novos.
Voz das Misericórdias, Isabel Marques Nogueira