A reabertura do pré-escolar ficou marcada pela adoção de novas regras e reinvenção de estratégicas pedagógicas

As crianças regressaram aos estabelecimentos de educação pré-escolar das Misericórdias, após mais de dois meses de suspensão das atividades letivas presenciais, na sequência da pandemia de Covid-19. Num ano letivo, que decorre em moldes diferentes do habitual, a retoma tem sido gradual e avaliada de forma positiva por dirigentes e técnicos das instituições, com uma adesão a rondar os 50%, devido à manutenção do regime de teletrabalho para alguns pais ou retaguarda familiar.

A reabertura do pré-escolar, a 1 de junho, ficou marcada pela adoção de novas regras de higienização dos espaços, distanciamento social e reinvenção de estratégicas pedagógicas, que privilegiam atividades ao ar livre limitadas a um número reduzido de crianças.

Apesar dos receios de pais e educadores, técnicos das instituições garantiram ao VM que todos estão a cumprir a sua parte, de modo a garantir o equilíbrio entre a segurança da comunidade educativa e o desenvolvimento das crianças.

Em Oliveira de Azeméis, todos aceitaram bem as novas regras de convivência e higienização de mãos, a começar pelos mais pequenos. A educadora Carla Amaral manifesta a sua surpresa com a fácil aceitação e interiorização das novas rotinas pelas crianças. “Eles compreendem porque é que os grupos não podem estar juntos e tomam a iniciativa de desinfetar as mãos nos dispensadores de gel nas salas. Parecem até aceitar melhor as regras que alguns adultos”.

Entre as mudanças efetuadas, destacam o desfasamento dos grupos, nos momentos de entrega das crianças, refeição e brincadeira no exterior, onde dispõem de uma área ampla com árvores. Mas sem nunca descurar o objetivo primordial da sua ação: “fazer do jardim de infância o sítio mais feliz para crescer respeitando o facto de serem crianças”.

Nesta fase de desconfinamento, os principais receios manifestados pelas famílias incidiram sobretudo no impacto emocional das regras de distanciamento social, definidas pela Direção Geral da Saúde, nas crianças. “Notei ansiedade apenas nos pais, não tanto por ter de os trazer, mas de os seus filhos não poderem brincar uns com os outros”, revela a diretora do departamento de ação social da Misericórdia de Valpaços, Mariline Lopes.

Na retoma dos serviços, a equipa do jardim de infância encontrou um grupo de crianças “ansiosas com a ida para a escola, com saudades das rotinas e de reencontrar os amigos”. Neste “teste à capacidade de adaptação a novas regras”, todos passaram com distinção até ao momento, mas o alerta e os cuidados redobrados não desaparecem das novas rotinas.

Neste período de adaptação, as Misericórdias têm recorrido às redes sociais para divulgar as novas regras de funcionamento e transmitir confiança às famílias e comunidade educativa.

Numa nota publicada na página de Facebook, o provedor da Santa Casa de Aljustrel, Manuel Frederico, manifestou a sua “confiança plena e total na capacidade de resposta e de adaptação das funcionárias, desde educadoras a auxiliares de ação educativa” e pediu a colaboração dos encarregados de educação nesta nova etapa em que o principal foco é a “saúde das crianças e o seu bem-estar”.

Na mesma rede social, a Misericórdia de Lamego (na foto) destacou alguns procedimentos implementados para que o regresso das crianças entre os 4 e 6 anos fosse feito “com todo o cuidado”, onde constam o “apelo ao distanciamento, mas também o reconhecimento da importância das atividades pedagógicas, cujo normal funcionamento não deve ser comprometido, e do direito dos mais novos a brincar”.

Recorde-se que a UMP deu conta às Misericórdias, na Circular 68/2020, das orientações para a reabertura da educação pré-escolar.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas