O presidente da Comissão Administrativa da Misericórdia lembrou as “muitas dificuldades nos últimos quatro anos para conseguir concluir a obra” com o prazo de construção a ser “largamente ultrapassado”. “De 13 meses passou para 48”, constatou João Palma.
Para além do prazo também o custo da obra foi maior do que o orçamentado. “De 1,3 milhões de euros para 1,6 milhões. Os demais custos inerentes ao projeto ascenderam a 900 mil euros”, adiantou aquele dirigente.
O projeto recebeu ainda um apoio no valor de 300 mil euros, em virtude de uma candidatura submetida ao Fundo Rainha D. Leonor (FRDL), da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em parceria com a União das Misericórdias Portuguesas.
“Como só tínhamos um capital próprio de 190 mil euros, tivemos de recorrer à banca por três vezes. Numa primeira fase 900 mil euros, mais 100 mil numa segunda fase e mais 200 mil na terceira. Depois recorremos ao Fundo de Socorro Social da Segurança Social no montante de 250 mil euros”, prosseguiu João Palma, acrescentando que a obra foi ainda apoiada pela Câmara de Silves, no valor de 45 mil euros e em todos os arranjos exteriores, por algumas Misericórdias do Algarve, pelo Santuário de Fátima, por empresas de Portimão e por particulares.
O bispo do Algarve, que benzeu as novas instalações, lembrou ser um “sonho acalentado há muito tempo” e lamentou que as instituições algarvias tenham sido “duramente provadas em todas as suas valências, particularmente nos lares, nesta longa travessia pandémica que parece não findar”. D. Manuel Quintas referiu-se ao “difícil, longo e penoso processo de reestruturação” daquela instituição.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social considerou aquela “uma obra concreta do que é o serviço à comunidade através da mobilização de esforços de todos”. Ana Mendes Godinho apresentou o seu “profundo agradecimento a todos os que têm estado na linha da frente ao serviço dos outros”. “Sem vós, não teria sido possível ultrapassar os mares tão difíceis em que temos navegado”, afirmou. “Estarem ao serviço dos outros é a obra no terreno das palavras do Papa Francisco”, disse a ministra, considerando que o “setor social é uma pareceria virtuosa entre o Estado e a sociedade civil para servir melhor as populações”.
A governante acrescentou que este serviço “é feito tanto melhor quanto melhor é feito pela própria comunidade e sociedade” e destacou a “grande capacidade que o setor social tem de se reinventar permanentemente, de não parar e nunca baixar os braços nos momentos mais difíceis”.
“Na base de qualquer recuperação, em primeiro lugar têm de estar as pessoas. Portanto, o investimento social tem de ser o grande investimento que temos de fazer como Europa e como país. Quando estamos a procurar reconhecer esta inclusão de todos não estamos a fazer mais nada do que devolver às pessoas aquilo que é seu de direito, que é a sua dignidade da condição humana”, afirmou a ministra na cerimónia em que também esteve presente a diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, Margarida Flores, a vice-presidente da Câmara de Silves, Luísa Luís, e o provedor da Santa Casa de Lisboa, Edmundo Martinho, para quem o FRDL pode representar “o crescimento e a construção de novas e inovadoras respostas em benefício dos cidadãos”.
Em representação da UMP esteve Patrícia Seromenho, vogal do Secretariado Nacional e também provedora da Misericórdia de Albufeira, que destacou a “caminhada longa que não foi de palavras, mas de ações de uma comunidade onde todos estiveram envolvidos”.
Durante os anos de realização das obras agora inauguradas, os idosos, utentes daquela instituição, foram acolhidos no Centro Pastoral e Social da Diocese do Algarve em Ferragudo.
Voz das Misericórdias, Samuel Mendonça