“Já tínhamos um centro de fisioterapia na Aldeia Social da Misericórdia que dava resposta aos utentes, tanto do centro de dia, como do lar, mas no que diz respeito aos utentes de apoio domiciliário (SAD) achámos que existia essa lacuna”. Foi assim que, segundo a coordenadora da área da população idosa na Santa Casa, surgiu a ideia da unidade móvel, que está a apoiar cerca de 40 pessoas, com uma média de idades de 80 anos.
Como são 150 os utentes de SAD, foi necessário fazer escolhas. Segundo Ana Batista, os critérios foram a “pertinência de intervenção, pessoas mais isoladas geograficamente, com menos apoio familiar e com menos recursos económicos”.
Todos os dias, bem cedinho, a carrinha arranca, percorre quilómetros para atravessar a estrada da vida que nem sempre foi tranquila para alguns dos utentes que, nos dias que correm, atravessam fases mais complicadas.
“Nós ficamos de coração cheio, somos bem recebidos por todos, e por vezes, custa-nos deixá-los”, referiu Sofia Baltazar, psicomotricista. O fisioterapeuta Jorge Cotovio parece concordar quando diz achar que “eles até gostam mais da nossa companhia do que propriamente daquilo que lá vamos fazer”.
A carrinha é bem diferente das outras. No seu interior pode encontrar-se uma marquesa, onde os utentes realizam exercícios adequados à sua situação e onde o terapeuta aplica as suas técnicas: a pedaleira para mobilizar os membros inferiores, as bolas para fazer treino de equilíbrio e correção postural, elásticos, pesos, aparelhos de eletroterapia, entre outros equipamentos que, se necessário, podem ser transportados para dentro das habitações dos utentes.
Assim que a carrinha chega, os utentes já sabem que o movimento vai começar, todavia, para além da parte física, os idosos contam ainda com jogos para estimulação cognitiva. Sob o olhar atento da animadora Sara Palma, as atividades levadas a cabo visam estimular a memória, a atenção, a concentração.
Dentro da carrinha ou dentro de casa, o trabalho junto de cada utente, normalmente, demora entre 30 a 45 minutos, mas é comum os técnicos demorarem um pouco mais. “Muitas das vezes já temos o serviço todo feito, mas eles têm necessidade de falar, de contar as suas histórias, de desabafar e nós não podemos fechar a porta”, contou Amélia Ferreira, técnica do serviço de apoio domiciliário.
Mas não é só de fisioterapia e animação que se faz a carrinha, “a enfermeira também vai ao terreno quando se tratam de casos mais complicados”, realçou a técnica.
“Da minha parte realizo a monitorização dos parâmetros úteis, faço o controlo da terapêutica, e também dou algum tipo de aconselhamentos”, disse Sara Soares, enfermeira.
“Dar boas condições às pessoas em casa para que consigam lá permanecer mas tempo, mas de uma forma feliz e adequada” é o objetivo desta unidade móvel, destacou Ana Batista. Por agora, o projeto está virado para os utentes da Santa Casa de Borba, mais a instituição deixa a porta aberta para a possibilidade de apoiar todos aqueles que procurem e solicitem o serviço.
Segundo o provedor, Rui Bacalhau, através deste projeto, que teve apoio no âmbito do prémio BPI Seniores, a Misericórdia de Borba está a “ajudar a aumentar a autoestima dos idosos e a combater o isolamento a que muitos se encontram sujeitos”.
“A Misericórdia de Borba quer estar sempre na linha da frente, tem sido nossa característica a proatividade, o dinamismo e a determinação, com o propósito de estar sempre junto da comunidade, concluiu.
Voz das Misericórdias, Ana Machado