Destacando números do mais recente Aging Report, o ex-ministro afirmou que embora os dados sejam “muito expressivos, não despertaram qualquer interesse mediático”. Esperança média de vida a aumentar, estimativa de que em 2070 metade da população seja inativa, taxa de substituição de pensões (diferença entre último salário e primeira reforma) a cair dos atuais 70% para 40%. “Num país com salários médios na ordem de 1000 euros, vamos ter pensões de 400 e um problema de pobreza entre idosos, uma pobreza envergonhada e silenciosa”.
Acresce que um novo modelo não deve ser formatado para cumprimentos de regras, como acontece atualmente. Por isso, Pedro Mota Soares apelou a um esforço no sentido de ser construída uma solução que tenha, em primeira linha, uma preocupação com o projeto de vida das pessoas. “Cada idoso tem seu projeto de vida, de felicidade, um conjunto de experiências, sonhos e expetativas”.
As respostas dedicadas aos idosos têm de funcionar de forma harmoniosa, com interação permanente entre saúde e segurança social, mesmo no que respeita ao orçamento dos ministérios. Faz todo o sentido que, em sede de envelhecimento, as poupanças de uma área sejam capitalizadas pela outra, disse o ex-ministro.
No que respeita a investimentos, Pedro Mota Soares referiu ainda que os fundos europeus (quadros comunitários e PRR) devem ser canalizados para transformar o apoio a idosos. “O setor social já demonstrou ter capacidade para executar fundos comunitários”, disse.
Durante a sua intervenção, o ex-ministro recordou também o trabalho desenvolvido pela UMP na área das demências e apelou à atenção da sociedade para o tema do envelhecimento. “Se a UMP está hoje a dizer que temos de olhar para o futuro e a pedir para termos esse tema na centralidade da nossa agenda, todos devemos ter atenção: sociedade, políticos e comunicação social”.
Voz das Misericórdias, Bethania Pagin