Numa aposta na recuperação do seu património e na melhoria da qualidade dos cuidados que presta aos seus utentes, a Santa Casa da Misericórdia do Crato avançou em 2018 com um investimento, que ascendeu aos 900 mil euros, para ampliação e reestruturação da estrutura residencial para pessoas idosas (ERPI) que se encontra instalada no centenário Convento de Santo António.
Este edifício, que data de 1604, e que durante vários anos acolheu também o centro de saúde da vila, necessitava de obras e de uma intervenção profunda que permitisse à instituição requalificar toda a estrutura, tornando-a mais moderna e adaptada às necessidades atuais e, ao mesmo tempo, preparada para futuros desafios, que estão já a ser preparados.
Passados quase três anos, a Misericórdia do Crato viu concretizado este sonho e o momento da inauguração aconteceu em a 21 de agosto, num momento vivido com grande alegria por parte da instituição, ainda que limitado pelos cuidados necessários neste tempo de pandemia, mas que mereceu a presença da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, do secretário de Estado do Planeamento, Ricardo Pinheiro, do presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos, entre outros representantes de entidades locais e regionais.
A cerimónia iniciou-se com a bênção das obras pelo pároco Monsenhor Paulo Dias, seguindo-se o descerrar de uma placa alusiva à inauguração na entrada do Convento.
Seguiu-se uma visita às instalações para conhecer o resultado das remodelações e a receção na capela do Convento por parte do grupo ‘Vozes da Misericórdia’ da Santa Casa do Crato, que receberam os convidados com a apresentação de algum do seu repertório, tendo sido neste espaço que foram proferidas algumas palavras sobre este dia que o provedor da Santa Casa da Misericórdia do Crato, Mário Cruz, descreveu como sendo “muito importante” para a instituição.
Sobre o investimento, Mário Cruz recordou que é “uma das 11 grandes obras realizadas nos últimos 38 anos”, das quais “10 comparticipadas pelo Estado, através de vários programas, e mais uma através do Fundo Rainha D. Leonor”, e com valores não elegíveis que “representam algumas centenas de milhares de euros” que foram “da nossa inteira responsabilidade”, constatou. Esta instituição “é rica”, mas “em ações e bem fazer”, continuou o provedor, destacando que a Misericórdia acompanha mais de 200 pessoas, entre infância e terceira idade, contando para o efeito com mais de 100 trabalhadores.
Para Mário Cruz não há dúvida de que a instituição “contribui muito significativamente para o desenvolvimento económico do concelho do Crato”, sendo esta obra mais um exemplo disso, uma vez que “este projeto de recuperação do Convento de Santo António foi concebido com o objetivo de, no futuro, poder instalar no rés-do-chão uma unidade de cuidados continuados integrados de saúde mental, pretensão que temos há muito e que estamos convictos que será uma realidade em breve”, revelou.
Na sua intervenção, Ana Mendes Godinho não poupou elogios ao setor social e ao papel preponderante que tem tido durante a pandemia da Covid-19.
“Temos vivido tempos, coletivamente, muito exigentes e muito difíceis, mas que temos conseguido ultrapassar, sobretudo graças às heroínas e heróis anónimos que estão, dia-a-dia, ao serviço das pessoas. E vemos isso pelo número de pessoas que têm estado ao longo destes últimos meses nas várias respostas sociais de todas as instituições do setor social a responder a quem precisa, onde precisa e quando precisa, colocando a vida dos outros à frente da sua própria vida”, constatou, frisando que a sua presença nesta inauguração, no Crato, é “também uma forma de agradecer profundamente a quem está nestes serviços”.
A governante recordou que “foi graças ao setor social que Portugal conseguiu ser dos únicos países do mundo em que, em nenhum lar, as pessoas foram abandonadas”, sendo isso demonstrativo de uma “grande capacidade de resposta em situação de emergência”. Ana Mendes Godinho também manifestou a sua convicção neste setor como “o grande motor de resposta ao momento que estamos a viver”. É também o setor “que vai executar melhor os fundos que temos à nossa disposição”, afiançou, salientando que nos próximos anos será feito um investimento “massivo” de recursos públicos, nomeadamente com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Também o presidente do Secretariado Nacional da UMP, Manuel de Lemos, felicitou a Misericórdia do Crato pelo resultado deste investimento, por representar “uma salvaguarda do património”, mas também “pela grande melhoria nas condições dos cuidados prestados aos utentes”.
Neste contexto, Manuel de Lemos fez questão de realçar que as instituições têm no PRR “uma oportunidade única para um salto qualitativo”, que vai permitir “fazer mais e melhor em defesa dos que cuidamos e dos que cuidam dos que cuidamos”.
Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão