“É evidente a necessidade de, entre o Estado, a Associação Nacional dos Municípios Portugueses e as instituições representativas do sector social, nomeadamente a UMP”, serem definidas as “regras básicas de articulação para que a nossa cooperação seja mais evidente”, frisou.
Na opinião de Manuel de Lemos, o aumento da esperança média de vida a cada ano que passa faz com que o envelhecimento da sociedade portuguesa seja uma inevitabilidade que exige novas respostas que não assentem, maioritariamente, na institucionalização.
“O desejável é que as pessoas fiquem nas suas casas e aqui, mais uma vez, a questão do apoio domiciliário e das novas tecnologias é fundamental”, defendeu.
Mas para a implementação destas respostas diferenciadas e diferenciadoras são igualmente necessários novos modelos de financiamento do sector. Por isso mesmo, afiançou o presidente da UMP, “precisamos de pensar todos no modelo [necessário], para depois termos uma coisa fundamental, que é o financiamento desse modelo”.
“Podemos ter o melhor do mundo, mas se não o financiarmos o modelo não funciona”, advogou Manuel de Lemos.
Estas foram precisamente algumas das questões que estiveram “sobre a mesa” ao longo da manhã de 18 de outubro, no auditório da Santa Casa da Misericórdia de Beja, onde a UMP promoveu a quarta e última sessão de um ciclo de conferências, iniciado em junho em Cascais e que passou também por Pombal e Peso da Régua, para debater com representantes do Estado, autarquias e atores sociais o estudo “Envelhecimento: respostas seniores do futuro – um modelo de respostas especializadas integradas”.
“O que nós entendemos foi que valia a pena lançar o debate de uma forma aberta, para apontar caminhos e abrir pistas que, no nosso ponto de vista, devem ser seguidos. Foi esse o nosso principal objetivo e penso que está a ser conseguido”, observou Manuel de Lemos, para quem este “é um trabalho inacabado e que vai continuar”.
“É um trabalho aberto e que foi enriquecido por todas as contribuições que recebemos”, acrescentou o presidente da UMP, revelando que o Governo, através da ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, já pediu que lhe chegassem “as contribuições” dos oradores presentes nas sessões “e as suas reflexões”.
“Isto significa que, da parte da ministra, há atenção para este problema, que é um problema real” em Portugal, notou Manuel de Lemos.
Na sessão realizada em Beja, a abertura esteve a cargo dos provedores das Misericórdias de Beja, João Paulo Ramôa, e de Odemira, Francisco Ganhão, que é simultaneamente presidente do Secretariado Regional de Beja da UMP.
A conferência na cidade alentejana contou depois com dois painéis de debate, o primeiro dos quais moderado por Patrícia Seromenho, do Secretariado Nacional da UMP, e que teve como oradores os docentes Filipe Ribeiro, da Universidade de Évora, e Sandra Pais, da Universidade do Algarve.
No segundo painel estiveram à conversa os presidentes das câmaras municipais de Monforte, Gonçalo Lagem (CDU), e de Ourique, Marcelo Guerreiro (PS), assim como a vereadora Cláudia Guedelha (PSD), do município de Albufeira. A moderação esteve a cargo de Norberto Patinho, deputado do PS na Assembleia da República e presidente da mesa da assembleia geral da Misericórdia de Portel (distrito de Évora).
Voz das Misericórdias, Carlos Pinto