O Dia Internacional do Idoso foi celebrado em Lousã com o lançamento oficial da curta-metragem “Rumo à Aldeia Grande”, que decorreu no Auditório da Biblioteca Municipal da Lousã, espaço em que mal cabia o contentamento de todos os convidados e dos intervenientes nesta coprodução entre a Misericórdia local e a escola profissional local Status, através do curso de Multimédia.
Estamos perante um projeto que reúne a sensibilidade de duas gerações aparentemente distantes, mas muito próximas na vontade de comunicar e de partilhar experiências de vida. O êxito deste pequeno filme abre portas a novas parcerias e já conta com a promessa, por parte do executivo camarário (representado pela vereadora Henriqueta Oliveira), de o divulgar nas instituições particulares de solidariedade social (IPSS) na área de influência do município.
Os atores na curta-metragem integram o Grupo de Teatro “Sim Senhor!” e são utentes do lar e do centro de dia da Misericórdia da Lousã. Os 23 elementos do grupo de expressão dramática (alguns deles com problemas de locomoção, com trissomia 21 ou mesmo com demência; refira-se que o mais velho tem 95 anos) costumam exibir publicamente, no final de cada trimestre de atividades, um trabalho coletivo, a exemplo das peças “Custódia das Moscas” e “Consílio dos Deuses”, entre outras.
Esta curta-metragem, filmada na aldeia serrana do Talasnal, em que perpassam as emoções e as tradições populares, é igualmente uma estreia para os quatro jovens alunos de Multimédia da escola profissional Status (Luís Duarte, Ivo Sebastião, João Rodrigues e Diogo Brioso), selecionados quando ainda frequentavam o segundo ano do curso.
Os jovens conseguem, assim, um “portefólio” muito importante, além da sua experiência “assente em projetos reais”. O professor Hugo Martins (corresponsável, com a professora Isabel Ferreira, pela coordenação técnica e pedagógica) considera que o projeto escolar teve um resultado “absolutamente profissional” e declarou ao VM que estão reunidas as condições para continuar a trabalhar noutras iniciativas, em parceria com a Misericórdia da Lousã e também com outras instituições.
O filme dá-nos a conhecer uma rapariga casadoira (Amélia, interpretada por Elena Roque) que, nos anos 60 do século XX, mora numa aldeia de uma região interior, quer ser modista e sonha fazer um vestido para a famosa Beatriz Costa (recordada por Piedade Santos, a qual não se esqueceu da cinéfila franja), contrariando a vontade da mãe, habituada à pacatez de “um povo parado no tempo”. Até que a sua tia lisboeta – personificada por Eulália Carvalho – a convida para trabalhar com ela na cidade. Porém, Amélia surpreende-se com a “Aldeia Grande”, que “é tão diferente da sua terra, tão grande e com diferentes cheiros, sabores e dissabores”.
No final da projeção, os vários atores foram convidados a falar das suas representações enquanto mãe da Amélia (Esmeralda, interpretada por Gracinda Ferreira), professora (Otília Coelho), lavadeiras da aldeia (Rosa Barbosa e Leonor Barreto) e namorado de Amélia (representado por Manuel Martins). Outros papéis couberam a Manuela Pedroso e a Fernando Godinho (os azeiteiros) e também a Piedade Santos e a Albertina Martinho, que se apresentaram como peixeiras, sendo Delfina Reis uma cliente do mercado. Por sua vez, a freira Lucinda foi retomada por Fernanda Fernandes. O cliente do engraxador foi assumido por António Janeiro, cabendo ainda a figura de uma senhora citadina a Miquelina Lopes. Carlos Esteves cumpriu o duplo papel de ardina e de engraxador.
O provedor da Misericórdia da Lousã, João da Franca, ao “pugnar pelo envelhecimento ativo e saudável dos utentes”, sublinhava: “Deram-nos uma enorme alegria e demonstraram que a idade não conta!”
Voz das Misericórdias, Vitalino José Santos