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- Marco de Canaveses | Obras valorizam o que foi feito no passado
Lar ou estrutura residencial? O ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, prefere a primeira designação, assim como o termo velhos em vez de idosos. A afirmação foi feita durante a inauguração das obras de reabilitação da Santa Casa da Misericórdia de Marco de Canaveses, a 27 de fevereiro. O Lar Rainha Santa Isabel foi sujeito a uma intervenção que custou cerca de dois milhões de euros. Para apoiar a empreitada, a Misericórdia recebeu um apoio de 300 mil euros do Fundo Rainha Dona Leonor (FRDL).
“Querer cuidar o melhor possível daqueles que têm vidas longas”. É de forma clara e objetiva que a provedora da Misericórdia de Marco de Canaveses, Maria Amélia Ferreira, explica a requalificação operada no equipamento.
Sensivelmente dois anos após o arranque das obras, a intervenção está praticamente concluída e o apoio do FRDL permitiu a criação de zonas de estimulação e desenvolvimento cognitivo. Num espaço verde exterior de excelência, os utentes passam a poder usufruir de áreas que privilegiam o contacto com o meio ambiente e onde sobressaem ervas aromáticas, vinhas e laranjeiras que potenciam o estímulo sensorial. Ali também foi instalado um ginásio com percurso adaptado para cadeira de rodas.
Conforme refere Maria Amélia Ferreira, o novo jardim também está aberto à comunidade e através dele pretende-se ainda propiciar um maior contacto entre gerações, com as famílias e com a natureza, promovendo o envelhecimento ativo.
Inaugurado em 1990 e sujeito a ligeiras intervenções ao longo dos anos, o Lar Rainha Santa Isabel carecia de melhorias significativas. Para a provedora era “fundamental” uma adaptação aos dias de hoje. “Ao nível dos quartos de casal, quartos personalizados, apoio mais humanizado, espaços lúdicos e melhor enquadramento para vivência no lar”, explica.
Ainda que não tenha sido possível aumentar o número de lugares (a capacidade é para 60 pessoas e já está esgotada), Maria Amélia Ferreira sente ser este o caminho a seguir para cumprir a missão social da Santa Casa. Num mundo de “transformações inéditas”, onde se impõe promover o envelhecimento ativo e saudável, a responsável recorda que a “Misericórdia é uma ação coletiva que precisa do apoio de todos para manter o seu legado e construir o futuro”.
Uma ideia defendida também pelo presidente da União das Misericórdias Portuguesas, ao afirmar que tanto as Santas Casas como o Estado existem “por causa das pessoas”. O lugar das Misericórdias, continuou, “é das pessoas e para as pessoas. O futuro é dotarmos as instituições que temos de melhores condições, requalificando como o exemplo hoje apresentado”. Com o FRDL, terminou Manuel de Lemos, “marcamos o futuro mais do que com a última pedra, estamos a qualificar as respostas”.
Para José Vieira da Silva, o empenho da Misericórdia de Marco de Canaveses reveste-se, também, de um carácter pedagógico. “Quero felicitar a decisão de recuperar porque, por vezes, valorizamos mais o fazer de novo do que o recuperar. Esta é a prova de que é possível valorizar o que foi feito no passado, melhorando a capacidade de resposta”.
A propósito do envelhecimento, o ministro afirmou que os desafios que daí advêm têm de ser respondidos “pela sociedade no seu todo”. Lembrando que o “número de pessoas com mais de 60 anos vai duplicar dentro de 20 ou 30 anos”, disse que a “a rapidez do fenómeno é de tal ordem que impõe novas responsabilidades”.
“Esta realidade obriga a sociedade a reorganizar-se e adaptar-se com novas e adequadas estruturas e respostas. O desafio é olhar para a sociedade que vai envelhecer e perceber o que podemos fazer”.
Destacando números relacionados com o distrito do Porto (450 instituições têm acordos para 1500 respostas sociais dedicadas aos ‘velhos’), Vieira da Silva afirmou que é essencial que as instituições tenham mais abertura para a comunidade, que a autonomia dos idosos seja reforçada e que a rede existente seja modernizada como o exemplo apresentado de Marco de Canaveses.
Em jeito de reconhecimento e conclusão, Vieira da Silva concluiu frisando que o poder central continuará “parceiro nesta dura e difícil, mas muito honrosa, tarefa de trabalhar pela solidariedade social”.
A presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, Cristina Vieira, também marcou presença na sessão e, durante a sua intervenção, enalteceu o trabalho desenvolvido pela Misericórdia. “Uma instituição de referência que procura atualizar as funções às exigências do presente e sempre inovadora nas respostas que disponibiliza”.
Voz das Misericórdias, Vera Campos / Fotografia: Voz da Verdade