“O dia do idoso é todos os dias”. Palavras do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Paredes, Ilídio Meireles, a propósito do Dia Internacional do Idoso, comemorado no passado dia 1 de outubro. Para assinalar a data, Misericórdia e município uniram-se, uma vez mais, e organizaram a iniciativa que reuniu cerca de 1500 seniores de todo o concelho. Música, dança, convívio e boa gastronomia foram os ingredientes em destaque.
Chegados ao Pavilhão Rota dos Móveis, em Lordelo, rapidamente se percebe que no interior reina a animação. Música popular e gargalhadas ouvem-se no exterior. Dentro do espaço, a feijoada servida como almoço está a terminar. O palco que vai receber os músicos está quase pronto. Provenientes de todas as IPSS e freguesias do concelho, os idosos aproveitam para rever amigos.
Luís André de Sousa, educador social da Misericórdia de Paredes, reconhece que para muitos “este será um dos poucos dias do ano em que conseguem sair de casa, até pela facilidade de terem transporte e refeição gratuitos”. O momento, sublinha, é para “rever pessoas que provavelmente já não viam desde a sua infância, ou amigos que estão agora noutras instituições”.
Alexandre Almeida, presidente da Câmara Municipal de Paredes, enfatiza a mesma ideia. Reforçando que “uma das funções do município é a de promover a igualdade e justiça social”, o autarca defende que estas atividades, desenvolvidas ao longo do ano, são uma aposta e preocupação do município que visa manter a população idosa mais ativa, potenciando “maior longevidade com qualidade de vida”.
Dedicação 24 horas por dia
O dia é do idoso, mas o trabalho dos voluntários foi enaltecido por muitos dos presentes. A homilia, proferida pelo padre Pedro Sérgio Silva, de Recarei, focou-se, precisamente, no dia de Santa Teresinha que se assinalava. Dando muita relevância ao trabalho dos funcionários e voluntários das várias instituições presentes, lembrou que “muitas vezes deixam a sua família para segundo plano em prol da instituição e da ajuda aos idosos”.
O pároco deixou ainda um recado aos idosos. “Se um dia perceberem que algum colega está a ter mais atenção por parte dos técnicos é porque precisa, não é preciso ter ciúmes, porque no dia seguinte serão vocês a receber esse carinho”. Um carinho que não tem preço, assegura Ilídio Meireles, provedor da Santa Casa de Paredes. Perante desafios e necessidades cada vez maiores, este responsável assegura que na instituição se celebra o dia do idoso 365 dias por ano. “Como?”, perguntamos. “Com a dedicação dos nossos funcionários que são inexcedíveis. Podemos considerá-los, também, voluntários porque a remuneração que lhes atribuímos não é suficiente perante aquilo que fazem”. Meireles sustenta ainda que “não sendo este um sector produtivo, as instituições deviam ser dotadas de mais meios económicos, que permitissem recompensar a dedicação dos nossos funcionários”.
‘O nome diz tudo’
O testemunho dos protagonistas do dia não podia ser mais positivo. Felicidade Rodrigues e Maria Adília Neto vêm da freguesia de Besteiros. Para a primeira, viúva e a viver sozinha, são momentos como este que “ajudam a combater a solidão”. Maria Adília elege a eucaristia como o momento alto de toda a programação. “É um dia maravilhoso e espero que continue por muitos anos”.
Manuel Garcês é repetente nestes convívios. “Onde houver festa eu estou presente”, refere. Sobre o papel dos voluntários responde prontamente. “Os funcionários tratam-nos como lordes. Há pessoas que querem ir para a Misericórdia, mas não têm vaga e sentem-se tristes por não ter essa oportunidade. O nome diz tudo, é uma Santa Casa”.
Está no centro de dia da Misericórdia de Paredes como utente mas, facilmente a podemos confundir com um voluntário. “Não me dou parada”, diz Albertina Moreira, 74 anos. Por isso, na instituição ajuda nas tarefas diárias que forem precisas. Seja apoiando outros utentes ou colaborando com os funcionários, o importante é sentir-se útil.
Avelino Almeida, 80 anos, está na Misericórdia há apenas dois anos. Com uma vida ainda ativa, decidiu acompanhar a sua esposa que se encontra bastante debilitada. “Estamos casados há 55 anos. Não era agora que a deixava sozinha”. Exímio jogador de sueca, trouxe recentemente para o lar da Santa Casa a medalha de vencedor num torneio realizado entre várias instituições.
Voz das Misericórdias, Paulo Sérgio Gonçalves