A remodelação na Misericórdia de Penacova permite acolher mais 10 pessoas além da resposta que já dava a cerca de 40 idosos na sua estrutura residencial (ERPI), agora com um “outro conforto”.
Dos 656 mil euros investidos nas obras de alargamento e renovação do edifício datado de 1988, o Fundo Rainha Dona Leonor (FRDL) comparticipou com quase 258 mil euros. Por sua vez, a Câmara Municipal interveio em 20% do investimento (quase 128 mil euros), tendo a Misericórdia de Penacova assumido a importância remanescente através de fundos próprios e de financiamento bancário.
Como afirmou o provedor José Amaral, na cerimónia da inauguração da nova edificação da ERPI, a Misericórdia “teve o seu primeiro alvará em 1902”, mas só em 1928, com a fundação do hospital local, foi criada a Irmandade.
“A sua intervenção pauta-se pela lógica de proximidade e de serviço à comunidade, implementando e mantendo, ao longo dos anos, atividades e serviços que cumpram os seus objetivos, designadamente o desenvolvimento de ações em prol da população, em geral”, salientou o provedor da Misericórdia.
“Valeu a pena”, declarou José Amaral, expressando a sua gratidão à Misericórdia de Lisboa e à União das Misericórdias Portuguesas (UMP) pela atribuição conjunta de um “subsídio não reembolsável”, consequente da candidatura ao FRDL apresentada em julho de 2015, “que permitiu o arranque da obra”.
No que concerne aos projetos entretanto desenvolvidos, José Amaral sublinhou que “a sua intervenção tem sido diversificada e diferenciadora, potenciando a autonomização e a melhoria da qualidade da população concelhia, comportando 656 pessoas”. Tendo por base este princípio, o provedor da Misericórdia de Penacova “conta com uma equipa multidisciplinar de profissionais composta por 51 colaboradores, a quem a mesa administrativa agradece o esforço e o empenho”.
O diretor do Centro Distrital de Coimbra da Segurança Social, Ramiro Miranda, identificou a Misericórdia de Penacova como “um exemplo de empreendedorismo”, pela “capacidade de estabelecer parcerias de ação social”, sob os denominados “acordos de cooperação”, numa rede de grande dimensão, a qual “abrange mais de 31 mil utentes, desde a infância à terceira idade, passando pela deficiência”.
Por sua vez, o secretário-geral da UMP, Paulo Moreira, realçou que o Fundo tem permitido que, “numa altura de recursos escassos”, as Misericórdias se renovem e se adequem “às necessidades e exigências de hoje”.
Inês Dentinho, em representação do FRDL, elogiou “o esforço dos provedores” perante “o mar de trabalhos que os projetos envolvem” e chamou a atenção para o contributo desta “maioria silenciosa em Portugal”. Nesse sentido, o presidente da Câmara Municipal de Penacova observou a relevância de duas palavras: “Agradecimento e reconhecimento”. “Temos de agradecer e de reconhecer todas as instituições que, no nosso território, são efetivamente parceiras no desenvolvimento social e na economia social”, frisou Humberto Oliveira.
O bispo de Coimbra, que presidiu à cerimónia, falou da “matriz essencialmente portuguesa” das Misericórdias e que “nasceu do nosso modo de ser”. Privilegiando “a cultura da atenção aos outros”, D. Virgílio Antunes garantiu que gosta muito do betão, mas “muito mais das pessoas”. Ou seja, “se as condições da habitabilidade são importantes, as condições da relação, da afetividade e do encontro são ainda mais importantes”.
Ao considerar a família como o “núcleo fundamental” – que não deve ausentar-se nem se distanciar “das pessoas e das suas vulnerabilidades”, sobretudo numa “idade avançada, com todas as consequências” –, o bispo de Coimbra considerou ainda que as instituições precisam de ter “um efetivo reconhecimento por parte do Estado, que não pode demitir-se da sua função”. “Que trate bem as Santas Casas”, recomendou. Voz das Misericórdias, Vitalino José Santos
Legenda: FRDL. A empreitada da Misericórdia de Penacova teve apoio do Fundo Rainha Dona Leonor