Este ciclo de conferências sobre o estudo “Envelhecimento: respostas seniores do futuro – um modelo de respostas especializadas”, teve início em Cascais, tendo passado por Pombal, Peso da Régua e Beja, com o objetivo de refletir sobre o modelo de apoio em vigor e os desafios do futuro com a população idosa.
No dia 13 de outubro, na cidade duriense do Peso da Régua, a sessão contou com a participação de diversas personalidades ligadas à UMP, aos serviços de saúde e ao poder local.
Manuel Silva Mesquita, provedor da Misericórdia de Peso da Régua, abriu as honras da sessão apontando para a questão da desertificação do interior, associado ao envelhecimento e à falta de respostas sociais, tendo sido este um dos temas principais da conferência ao longo dos painéis.
“Esta temática do envelhecimento centra-se também na realidade da desertificação do interior em benefício do litoral, que retrata o nosso país e que vem aprofundar as assimetrias da população. Se nada for feito por parte dos governos centrais para contrair este flagelo o interior do país, em especial, ficará cada vez mais pobre e com respostas sociais cada vez mais reduzidas para os nossos idosos”, disse o provedor local.
O provedor, fundamentado em dados preliminares dos últimos Censos, relembrou que todos os concelhos do distrito de Vila Real, onde se insere o Peso da Régua, têm vindo a verificar um decréscimo acentuado da população, “tendo perdido nos últimos dez anos mais de 20.000 habitantes”.
Para Manuel Mesquita, esta perda da população expressa-se num decrescendo da natalidade e na questão do abandono dos jovens, por motivos académicos ou profissionais. “Estes jovens seriam pais de futuras crianças que frequentariam espaços escolares, seriam mais tarde a força laboral local e seriam os idosos do futuro”.
Para terminar, o provedor da Misericórdia do Peso da Régua, lançou o desafio de se repensar na temática da desertificação do interior, associada ao envelhecimento, e que a procura de soluções seja célere e sobretudo justa e igualitária.
“Desejo que as respostas a serem produzidas e colocadas em prática tenham o mesmo efeito num cidadão sénior que mora no Porto ou em Lisboa e no cidadão que habita na aldeia mais recôndita do interior do país. Só assim cumprimos o direito constitucional na igualdade de direitos”, rematou.
Após a intervenção de abertura de Manuel Silva Mesquita, seguiu-se o painel composto por Fernando Araújo, ex-secretário de Estado da Saúde e presidente do Centro Hospitalar Universitário São João, e Manuel de Lemos, presidente da UMP com moderação de Manuel Caldas de Almeida, do Secretariado Nacional da UMP.
Questões como a adequação de respostas sociais, a visão dos profissionais de saúde perante a questão do envelhecimento e a criação de um plano adequado para a coerência transversal de cuidados, marcaram o tom deste painel.
De seguida, a discussão sobre a desertificação do interior e as problemáticas nos territórios de baixa densidade manteve-se no auditório, com o painel composto por José Manuel Gonçalves, presidente da Câmara Municipal de Peso da Régua, e Nuno Vaz Ribeiro, presidente da Câmara Municipal de Chaves com moderação de Francisco Araújo, presidente do Conselho Nacional da UMP.
O encerramento da sessão ficou a cargo de José Manuel Gonçalves e Fernando Campos, do Secretariado Nacional da UMP, que reconheceu como “fundamental” o esforço da UMP para colocar este tema em debate pela sociedade portuguesa. O envelhecimento não é um problema fácil, “se fosse fácil não estávamos aqui e nem sequer preocupados”.
Voz das Misericórdias, Daniela Parente