O projeto nasceu na Escola Superior de Tecnologia do IPCB, inserido no EuroAGE que tem como objetivo desenvolver iniciativas inovadoras para a promoção do envelhecimento ativo, mas foi desenvolvido na Santa Casa da Misericórdia de Vila Velha de Ródão. “Foram nossos parceiros do desenvolvimento, foi através deles que melhorámos aspetos como a falta de orientação espacial, o que nos levou a introduzir números nos quadrados da arena, foi através deles que detetámos a dificuldade de visão do jogo no ecrã de um tablet, o que nos levou a optar por um projetor”. Quem explica é Paulo Gonçalves, que lidera a equipa que concebeu o projeto.
O robô, que, entretanto, também ganhou uma cara de ursinho com um grande sorriso para o tornar mais atrativo, está assente em sete jogos de diferentes graus de dificuldade. O tapete em vinil, ou arena, está dividido em quadrados e é a base do jogo que tem sete níveis, os primeiros três são manuais.
“O primeiro jogo é o das cores, as pessoas têm que ir buscar as peças com as respetivas cores para colocar nos respetivos quadrados, o segundo é o das formas, o terceiro mistura as cores e as formas.” Os seguintes são jogados com a utilização do robô. “Por exemplo, o quarto é só com círculos de cor verde, os idosos têm que os colocar no sítio indicado e com o robô retirá-las da arena.”
O jogo esteve a ser testado, no último mês de março, no lar Adriano Godinho, da Santa Casa da Misericórdia de Castelo Branco, onde também sofreu adaptações. “Inicialmente não havia pontuação e começámos a ver que a pontuação era um motivo acrescido de motivação e participação, por isso decidimos acrescentar”, refere Maria João Guardado Moreira, coordenadora do mestrado em gerontologia social da Escola Superior de Educação do IPCB e outro dos elementos da equipa.
O robô foi recebido inicialmente com desconfiança. “Para alguns idosos, o facto de o jogo ter uma tecnologia por base torna-o mais difícil e retraíram-se um pouco no início”. Mas não foram apenas os idosos a ter essa reação. Quando foi convidado para integrar a equipa, o fisioterapeuta Vítor Pinheira, achou o desafio estranho “porque estando mais dedicados às questões do envelhecimento, numa dimensão eminentemente humana, a robótica foi um desafio estranho”, disse.
Mas para o técnico o desafio acabou por ser interessante “porque uma das componentes do trabalho é perceber até que ponto a introdução destas tecnologias com um jogo associado consegue, num grupo de idosos, ser um fator promotor de interação social e comunicação, e isto é particularmente importante em idosos institucionalizados”.
Mas com um jogo de cartas, como a sueca, não era possível obter os mesmos resultados? Questiona-se e responde-se em simultâneo. “Desafiarmos estas pessoas, que estão muito rotinadas em padrões de atividades para uma nova rotina já é um ganho. Dos últimos testes pareceu-nos que, em alguns dos participantes, há um envolvimento e interesse diferente do jogo da sueca. O elemento inovador do robô constitui um fator de mudança.”
O robô foi testado num grupo de cerca de 30 idosos, sendo que o mais velho, o sr. Mateus, que tem 94 anos, “é um dos melhores jogadores”.
O projeto está a entrar na fase final e Paulo Gonçalves quer levá-lo à Misericórdia de Vila Velha de Ródão para mostrar o resultado do produto que ajudaram a desenvolver. Depois desta fase o sistema é dado por terminado e no final de junho fica disponível para as instituições parceiras ou outras.
Voz das Misericórdias, Paula Brito