“Eles sentem-se muito felizes por regressar a suas casas, ver as suas fotografias e os seus pertences, rever os seus entes queridos. É isso que nós queremos, porque sabemos que os utentes, apesar de estarem bem na Santa Casa, sentem falta das suas raízes”, afirma a mesária Ana Rita Dias.
O projeto nasceu porque a psicomotricista Anne Sophie Esteves e a animadora sociocultural Patrícia Rodrigues notavam que os utentes “falam muitas vezes dos familiares, dos vizinhos, da aldeia e que sentiam saudades”. “Então, lembrámo-nos: porque não levá-los?” Assim, uma vez por ano, durante os meses de agosto e setembro, há idosos, entre os 70 e os 93 anos, que sobem a bordo para regressar à terra natal. “A carrinha leva sete pessoas e vai sempre cheia”, atestam.
Na guia de marcha, constam mais de 20 aldeias do concelho e até de fora. “Procuramos encontrar as capelas, os largos das festas e, principalmente, as casas dos utentes. É sempre o ponto onde nos focamos”, sublinha Patrícia, a motorista de serviço.
Além de proporcionar um bem-estar psicológico, o projeto Aldeias tem quase um fim terapêutico para quem padece de algum tipo de demência: “ajuda-os a reavivar memórias e experiências antigas”. “Mais facilmente se recordam do passado, do lugar onde trabalhavam ou cresceram, da casa onde nasceram ou viveram com os filhos do que o que fizeram ontem”, explica Anne Sophie.
O projeto Aldeias vai já na 3ª edição, o que leva a mesária Ana Rita Dias a considerar que o balanço é “bastante positivo”, quer para os utentes, quer para a equipa técnica. “É uma iniciativa que continuaremos a apoiar, porque sentimos que há uma realização pessoal tanto de quem trabalha como de quem participa nesta atividade.” No futuro, é possível que haja uma maior frequência das visitas às aldeias, nomeadamente em épocas festivas: “no Natal e na Páscoa são alturas em que as aldeias têm mais pessoas e para eles, é bom verem mais gente na sua terra”.
Leia a reportagem na íntegra no seu jornal Voz das Misericórdias de setembro.