Com apoio do Fundo Rainha D. Leonor, a Misericórdia de Aguiar da Beira passou de 14 para 26 camas na unidade de cuidados continuados

Os tempos de pandemia impuseram-se de tal modo que, mesmo com dinheiro disponível, o projeto de ampliação da unidade de cuidados continuados (UCC) da Misericórdia de Aguiar da Beira esteve parada meses a fio por razões de segurança e até por falta de materiais. Por isso, a inauguração, no dia 21 de julho, foi rodeada de pompa e circunstância.

A cerimónia foi presidida pelo novo diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde, António Gandra de Almeida, e contou ainda com a vogal da Misericórdia de Lisboa, Ângela Guerra, e de Carlos Andrade, vice-presidente da União das Misericórdias Portuguesas. À Mesa Administrativa da Santa Casa de Aguiar juntaram-se ainda o diretor distrital da Segurança Social da Guarda, Carlos Martins, e a deputada do PSD, Dulcineia Catarina Moura.

E não seria para menos. Afinal, o edifício onde há 40 anos deixou de funcionar o centro de saúde de Aguiar da Beira passou a acolher a UCC e, a partir de agora, com quase o dobro da capacidade inicial.

Graças ao Fundo Rainha D. Leonor (FRDL), o número de camas aumentou de 14 para 26 em instalações totalmente remodeladas e com equipamento adequado à função. “É uma alegria imensa”, confessou Fernando Andrade, provedor há 22 anos.

Conhecidas que são as dificuldades para gerir as necessidades nacionais, mais 12 camas parecem significar muito. “Como se sabe, as vagas são geridas por uma plataforma própria, mas damos o nosso contributo às necessidades do país, seja para acolher doentes que vêm dos hospitais ou mesmo para acolher idosos no âmbito do chamado descanso do cuidador”, referiu ainda Fernando Andrade.

A obra custou cerca de 160 mil euros, mas foi financiada em praticamente dois terços. “Se não fosse o Fundo, a obra seria feita na mesma, mas assim poupamos cerca de 105 mil euros ao orçamento próprio”, referiu o provedor. 

Utentes do país inteiro

Se o perfil atual dos utentes da UCC de Aguiar da Beira se mantiver, a instituição continuará a ser a expressão de um trabalho em rede que abrange as regiões norte centro do país. “Temos pessoas com mais e menos de 50 anos da zona de Aveiro, Figueiró dos Vinhos e outros, em menor número, aqui do concelho”, descreveu Sandra Andrade, a diretora técnica da UCC. “Quase todos ultrapassam o regime de permanência de 180 dias, ou porque não há vagas sociais ou porque precisam de cuidados de enfermagem permanentes e os lares não têm”, sublinhou a responsável, precisando que, frequentemente, as pessoas vão para longe de casa, à espera de uma vaga na área de residência ou na unidade mais próxima da família. A maioria são mulheres a recuperar de quedas ou acidentes vasculares cerebrais (AVC). “Aqui temos tranquilidade e recursos humanos em número confortável para abranger mais utentes como vai acontecer agora”, evidenciou por fim.

Ampliar a RNCCI

Em declarações ao VM à margem da inauguração, o novo diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde, António Gandra de Almeida, admitiu o défice de camas para cuidados continuados de saúde, que se pretende resolver no âmbito do Plano de Emergência e Transformação na Saúde. “Estamos a ver, com os vários parceiros do setor social e privado, o que é possível fazer em conjunto e dar resposta às necessidades dos portugueses”, disse.

Madalena Teixeira, Voz das Misericórdias