Foi neste contexto que surgiram as visitas à varanda. Uma iniciativa que permitiu o reencontro das famílias, deu alento aos idosos e atenuou a angústia provocada pela distância, sem, contudo, comprometer a segurança e saúde de todos.
Estas visitas tiveram início no mês de maio, no Dia da Mãe. Neste dia a instituição preparou uma surpresa para as suas utentes, convidando os filhos a deslocarem-se à instituição para assim poderem assinalar este dia, sem presentes, abraços ou beijinhos, e com o devido distanciamento social.
Foram visitas à varanda com muitos sorrisos, lágrimas e as emoções à flor da pele. As mães adoraram e os filhos agradeceram a oportunidade que lhes foi dada que, não sendo a que todos desejavam, foi a possível neste contexto que vivemos.
Ao VM, a provedora da Santa Casa de Alegrete, Maria do Carmo Serrote, sublinhou a importância destas visitas à varanda e o quanto isso significou para os utentes, que estavam há “bastante tempo sem contactar de uma forma tão próxima os seus familiares e que se sentiam até um pouco revoltados com esse impedimento, alguns com dificuldades em perceber o porquê”, realçando que “o impacto foi tanto no primeiro dia”, que decidiram tornar esta forma de visita permanente.
“Antes da autorização da Direção-Geral de Saúde para o reinício das visitas nos lares, decidimos contornar as saudades e ausência dos contatos familiares, usufruindo das possibilidades físicas que temos, e a primeira vez que o fizemos, no Dia da Mãe, foi muito comovente, vieram famílias inteiras e para as utentes foi muito especial”, descreve a provedora, que explica que foi perante a adesão que este dia teve que decidiram continuar.
Desde então já foi organizado um dia dedicado aos pais, e todos os dias a Misericórdia de Alegrete recebe pedidos para as visitas à varanda, o que permitiu que, praticamente, todos os utentes da instituição já tivessem recebido, pelo menos, uma visita dos seus familiares.
Esta forma de reencontro foi especial para todos, mas para um casal foi ainda mais e fez com voltassem aos tempos em que namoravam à janela. A D. Delmira, que se encontra institucionalizada, pode agora receber as visitas diárias do marido, o senhor Paixão, de quem sentia muita falta, conversar com ele e “matar” saudades.
E porque a falta de condições físicas do edifício da instituição limita o que pode ser feito para que sejam criadas as condições necessárias às visitas físicas agora autorizadas na segunda fase de desconfinamento, estas visitas à varanda “irão continuar para a segurança de todos”, como nos revela a provedora.
Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão