A celebrar os 500 anos da sua fundação, a Santa Casa da Misericórdia de Alter do Chão, no distrito de Portalegre, assinalou este marco da sua história com um dia dedicado a homenagear todos aqueles que “abraçaram esta enorme missão de conduzir e guiar os destinos desta instituição”, reconhecendo, através dos seus provedores, o trabalho de todos os órgãos sociais.

A comemoração dos cinco séculos decorreu no dia 26 de outubro, com um programa pautado por vários momentos, com os festejos a terem início logo pela manhã com celebração de missa na igreja da Misericórdia, ao que se seguiu o descerramento de dois painéis comemorativos: um na unidade de cuidados continuados e outro no Lar Nossa Senhora da Assunção.

Por fim, no cineteatro da vila, e perante a presença de representantes de várias entidades públicas, civis e religiosas, bem como de provedores de algumas Misericórdias do distrito, antigas funcionárias e elementos da comunidade, a Misericórdia de Alter do Chão prestou a devida homenagem aos provedores que exerceram esta função nos últimos anos.

Joaquim Calado Mendes, João Buxo, José dos Reis e Francisco Miranda recordaram a sua passagem pela liderança da instituição, relembrando dificuldades e conquistas que fazem parte da história da Misericórdia. Ao mesmo tempo, foram também agraciadas algumas colaboradoras, pela forma humana e dedicada como sempre desempenham as suas funções.

A homenagem integrou um momento mais solene, com as intervenções do presidente da Mesa da Assembleia Geral da Misericórdia, Hemetério Monteiro, do provedor Vasco Cruz, do presidente da Câmara Municipal e antigo provedor, Francisco Miranda, da diretora do Centro Distrital de Portalegre da Segurança Social, Sandra Cardoso, e do presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel de Lemos.

Começando por mencionar que “esta nossa Santa Casa da Misericórdia é, nos dias de hoje, o maior empregador privado do concelho e, certamente, a entidade privada com maior relevância na economia local”, o provedor Vasco Cruz traçou um perfil do que é a realidade da instituição: “Com um orçamento anual de cerca de dois milhões e meio de euros, é a fonte de rendimento para cerca de 100 colaboradores e trabalhadores, que na sua maioria residem no concelho”. Essas pessoas, continuou, “ajudam, protegem e apoiam cerca de 160 utentes”, motivo pelo qual considera que “é seguro afirmar que a Misericórdia possui estrutura, dimensão e abrangência de que todos se podem orgulhar”.

Traçando objetivos para o futuro, também como forma de honrar o passado, Vasco Cruz diz ter como objetivo principal “consolidar e melhorar as respostas existentes”, sem esquecer “que o equilíbrio financeiro, apesar de não ser um fim, é uma condição obrigatória para alcançar os nossos objetivos”, e diz aguardar pela oportunidade de obter financiamento que lhes permita “remodelar e modernizar as instalações que servem à nossa creche e o aumento de capacidade em termos de estrutura residencial para pessoas idosas, juntamente com a remodelação e modernização das suas instalações”.

O provedor fez ainda questão de prestar uma homenagem a todos os colaboradores que, ao longo dos anos, trabalharam em prol dos utentes. “Sem eles, simplesmente, não haveria obra para celebrarmos”, afirmou Vasco Cruz.

O presidente da UMP, Manuel de Lemos, felicitou a instituição por este marco da sua história, e, recordando que “celebrar efemérides é uma maneira também de dar audiência às nossas recordações”, sublinhou que “500 anos é um momento fantástico para comemorar recordações”.

Aplaudindo a homenagem feita aos antigos provedores como forma de marcar esta comemoração, Manuel de Lemos lembrou a marca distintiva que as Misericórdias têm na sua génese, a de “nos preocuparmos em ajudar e cuidar dos outros, da forma que nós sabemos, sempre com dificuldades”, fazendo referência a todos os desafios que estas instituições viveram ao longo de cinco séculos, mas constatando que são essas dificuldades que “nos motivam, todos os dias, a conseguir os melhores trabalhos, melhorar as instalações e tratar com dignidade as pessoas que apoiamos”.

Para o presidente da União, “a nossa capacidade de fazer, a nossa capacidade de construir, a nossa capacidade de estarmos juntos é a nossa marca distintiva. E é por isso que as Misericórdias de Portugal são indeclináveis em qualquer política social que o Estado faça”, concluiu.

Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão