- Início /
- Misericórdias /
- Notícias /
- Ano novo | 'Trabalho que torna possível mudar vidas' por Lília Pinto
Dar continuidade a uma intervenção global e integrada com os idosos, em casa e na comunidade, e permitir que um número cada vez maior de pessoas alcance “trajetórias positivas de envelhecimento” é um dos objetivos para o novo ano, traçados por Lília Pinto, psicóloga e coordenadora de projetos sociais na Misericórdia do Marco de Canaveses.
'Trabalho que torna possível mudar vidas
Numa sociedade que se quer cada vez mais atenta aos desafios sociais é necessária uma dedicação e análise permanente das fragilidades da população. A atuação enquanto profissional, numa Santa Casa da Misericórdia, é centrada no desenvolvimento social das pessoas mais velhas, através de uma visão global, integrada e, acima de tudo, inclusiva.
As constantes mudanças do perfil da população idosa exigem uma visão e ponderação pluridimensionais na sua abordagem na área da saúde de modo a proporcionar uma vida feliz, saudável com qualidade e bem-estar, implementando novas formas de contribuir para o envelhecimento sustentável, não só para que vivam mais anos, mas sobretudo para que estes anos sejam plenos de sentido.
Assim, ao longo dos últimos anos, o principal papel assumido na Santa Casa da Misericórdia do Marco de Canaveses tem sido centrado nos desafios do envelhecimento, através do apoio a um conjunto de ações e projetos sociais que têm respondido ao paradigma da prestação de cuidados a pessoas idosas no seu contexto de vida. Estes projetos centram a sua intervenção na promoção da saúde física e mental, do bem-estar psicológico e da qualidade de vida dos mais velhos, mas também são construídos com o intuito de manter a capacidade de envelhecer no próprio domicílio - lugar de eleição dos “adultos mais velhos” que têm cruzado os projetos da Misericórdia do Marco de Canaveses.
O resultado do trabalho de anos tem provado que é possível mudar vidas. Para tal, além da dedicação diária, tem sido fundamental pensar a intervenção enquanto inter e multidisciplinar, baseada em parcerias com os diferentes setores da sociedade – público, social, empresarial, académico e religioso. A disponibilização de recursos e as sinergias criadas em prol da necessidade de respostas para as “vidas longas”, especialmente em meio rural, têm permitido criar novas formas de olhar o envelhecimento, apelando à responsabilidade civil e demonstrando que, com pouco, é possível provocar grande mudança na vida das pessoas idosas.
Um dos maiores desafios é encontrar caminhos e financiamentos que permitam chegar diariamente às pessoas mais frágeis, facilitando acessos a cuidados de saúde (física e mental) e cuidados sociais. As políticas, para chegar a este caminho, devem ser revistas e estruturadas de forma a que permitam um maior número de pessoas envolvidas, alcancem trajetórias positivas de envelhecimento e que sirvam para quebrar as muitas barreiras que limitam a participação social contínua das “vidas longas”.
Futuramente, é fundamental continuar a intervenção juntos desta população vulnerável, potenciando intervenções cada vez mais precoces e regulares, não só para a promoção da saúde mental e do envelhecimento ativo e saudável em casa e na comunidade, mas acima de tudo para diminuir os estereótipos criados junto desta população, responsabilizando a sociedade para o seu papel, no sentido de combater as assimetrias e diminuir fragilidades e desigualdades sociais.
É imperativo continuar a mudar vidas junto daqueles que diariamente nos ensinam que a melhor forma de trabalhar é com o coração.'