Intitulada ‘500 anos da Misericórdia de Arraiolos - Uma cronologia histórica’ e da autoria dos historiadores José Calado e José Inverno, esta obra retrata o percurso da Misericórdia de Arraiolos ao longo dos últimos cinco séculos, com base no espólio documental que a instituição possui, dando a conhecer as dificuldades e crises, mas também a sua capacidade de adaptação à evolução dos tempos e das necessidades da comunidade.
A cerimónia de lançamento do livro decorreu na igreja da Misericórdia, com a presença de várias entidades locais e regionais, bem como dos autores, da Mesa Administrativa, do presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e também membro da Comissão de Honra das Comemorações, Manuel de Lemos, do responsável do Departamento de Património Cultural (DPC) da UMP, Mariano Cabaço, e de uma plateia cheia de pessoas da comunidade que se associaram a este evento.
Luís Chinelo, provedor, explicou que o objetivo desta obra passou por “permitir-nos conhecer melhor o que foi esta longa história da instituição”, tendo, para isso, contado com o trabalho dos autores durante cerca de um ano de investigação, estudo e tratamento do “nosso património histórico, que é bastante valioso”. O esforço, afirmou o responsável, resultou “num testemunho significativo para a nossa instituição, que irá contribuir para a preservação da nossa história e da nossa memória para gerações futuras”. Neste âmbito, Luís Chinelo agradeceu o contributo de José Calado e José Inverno, bem como da sua equipa e da UMP que, através do DPC, procedeu à inventariação do património móvel da Santa Casa, dando a conhecer “muita informação que desconhecíamos e que foi, também, muito importante para a concretização desta obra”.
Mariano Cabaço felicitou a Misericórdia por marcar as comemorações dos seus 500 anos com “tão importantes eventos culturais” e, sobretudo, pela concretização desta obra, pois “são estes momentos que ligam o passado e o futuro e esta publicação traz conhecimento, mas traz, sobretudo, uma homenagem e um tributo a todos aqueles que fundaram e mantiveram viva a Misericórdia durante 500 anos”, constatou.
Para o historiador José Calado, que coordenou uma equipa de quatro pessoas neste “difícil desafio”, foi “com grande satisfação que pudemos contribuir para a preservação da memória, identidade e história desta nobre Misericórdia”, afirmou, sublinhando o prazer que tiveram em “trabalhar o magnífico arquivo histórico da instituição, que é muito valioso”, confessou.
Dando a conhecer um pouco do livro, os autores explicaram que procuraram “demonstrar, de forma simplificada, a importância da Misericórdia ao longo de 500 anos e pegando, quase em exclusivo, no arquivo da instituição para falar sobre as valências, as dificuldades, os problemas, as épocas de crise e as de sucesso”, na expectativa de “contribuir para esta homenagem a todos os mesários, irmãos e funcionários da casa, mas também porque acreditamos que o papel ainda é, e continuará a ser, o único garante de que a nossa memória será preservada”, concluíram.
O encerramento da cerimónia coube a Manuel de Lemos, presidente da UMP, que enalteceu a iniciativa de comemorar os 500 anos com uma obra que “dá a conhecer a sua história” e que “é uma dádiva para os vindouros, que vão ter a possibilidade de perceber que, embora o movimento das Misericórdias seja global, há sempre momentos especiais e especificidades que fazem a diferença”, sublinhou, afirmando ainda que “a sobrevivência de uma instituição é a sobrevivência da própria comunidade”.
Antecedendo a apresentação do livro, a cerimónia começou com a inauguração de uma exposição que, segundo José Calado, pretende “mostrar, pela sua diversidade e pela sua qualidade artística, um pouco daquela que foi a atuação da Misericórdia ao longo destes cinco séculos", tendo como foco principal o arquivo histórico da instituição, através de peças e documentos emblemáticos que “merecem ser observados”.
O historiador revelou ainda a intenção que a Santa Casa de Arraiolos tem de fazer um museu para expor “o seu espólio, que tem peças de grande valia e significado, que mostram à população a importância da Misericórdia e que as Misericórdias são mais do que o trabalho contínuo na assistência social, também são guardiões de património e guardiões de cultura”.
Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão