Conhecer e preservar a sua história, memória e identidade, homenageando o passado e deixando um testemunho para o futuro. Foi este o propósito do livro apresentado pela Santa Casa da Misericórdia de Arraiolos, no dia 21 de junho, numa sessão integrada nas comemorações dos 500 anos que decorrem este ano.

Intitulada ‘500 anos da Misericórdia de Arraiolos - Uma cronologia histórica’ e da autoria dos historiadores José Calado e José Inverno, esta obra retrata o percurso da Misericórdia de Arraiolos ao longo dos últimos cinco séculos, com base no espólio documental que a instituição possui, dando a conhecer as dificuldades e crises, mas também a sua capacidade de adaptação à evolução dos tempos e das necessidades da comunidade.

A cerimónia de lançamento do livro decorreu na igreja da Misericórdia, com a presença de várias entidades locais e regionais, bem como dos autores, da Mesa Administrativa, do presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e também membro da Comissão de Honra das Comemorações, Manuel de Lemos, do responsável do Departamento de Património Cultural (DPC) da UMP, Mariano Cabaço, e de uma plateia cheia de pessoas da comunidade que se associaram a este evento.

Luís Chinelo, provedor, explicou que o objetivo desta obra passou por “permitir-nos conhecer melhor o que foi esta longa história da instituição”, tendo, para isso, contado com o trabalho dos autores durante cerca de um ano de investigação, estudo e tratamento do “nosso património histórico, que é bastante valioso”. O esforço, afirmou o responsável, resultou “num testemunho significativo para a nossa instituição, que irá contribuir para a preservação da nossa história e da nossa memória para gerações futuras”. Neste âmbito, Luís Chinelo agradeceu o contributo de José Calado e José Inverno, bem como da sua equipa e da UMP que, através do DPC, procedeu à inventariação do património móvel da Santa Casa, dando a conhecer “muita informação que desconhecíamos e que foi, também, muito importante para a concretização desta obra”.

Mariano Cabaço felicitou a Misericórdia por marcar as comemorações dos seus 500 anos com “tão importantes eventos culturais” e, sobretudo, pela concretização desta obra, pois “são estes momentos que ligam o passado e o futuro e esta publicação traz conhecimento, mas traz, sobretudo, uma homenagem e um tributo a todos aqueles que fundaram e mantiveram viva a Misericórdia durante 500 anos”, constatou.

Para o historiador José Calado, que coordenou uma equipa de quatro pessoas neste “difícil desafio”, foi “com grande satisfação que pudemos contribuir para a preservação da memória, identidade e história desta nobre Misericórdia”, afirmou, sublinhando o prazer que tiveram em “trabalhar o magnífico arquivo histórico da instituição, que é muito valioso”, confessou.

Dando a conhecer um pouco do livro, os autores explicaram que procuraram “demonstrar, de forma simplificada, a importância da Misericórdia ao longo de 500 anos e pegando, quase em exclusivo, no arquivo da instituição para falar sobre as valências, as dificuldades, os problemas, as épocas de crise e as de sucesso”, na expectativa de “contribuir para esta homenagem a todos os mesários, irmãos e funcionários da casa, mas também porque acreditamos que o papel ainda é, e continuará a ser, o único garante de que a nossa memória será preservada”, concluíram.

O encerramento da cerimónia coube a Manuel de Lemos, presidente da UMP, que enalteceu a iniciativa de comemorar os 500 anos com uma obra que “dá a conhecer a sua história” e que “é uma dádiva para os vindouros, que vão ter a possibilidade de perceber que, embora o movimento das Misericórdias seja global, há sempre momentos especiais e especificidades que fazem a diferença”, sublinhou, afirmando ainda que “a sobrevivência de uma instituição é a sobrevivência da própria comunidade”.

Antecedendo a apresentação do livro, a cerimónia começou com a inauguração de uma exposição que, segundo José Calado, pretende “mostrar, pela sua diversidade e pela sua qualidade artística, um pouco daquela que foi a atuação da Misericórdia ao longo destes cinco séculos", tendo como foco principal o arquivo histórico da instituição, através de peças e documentos emblemáticos que “merecem ser observados”.

O historiador revelou ainda a intenção que a Santa Casa de Arraiolos tem de fazer um museu para expor “o seu espólio, que tem peças de grande valia e significado, que mostram à população a importância da Misericórdia e que as Misericórdias são mais do que o trabalho contínuo na assistência social, também são guardiões de património e guardiões de cultura”.

Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão