A Covid-19 colocou a música em compasso de espera, mas não calou a esperança na escola de música da Santa Casa de Arruda dos Vinhos

A pandemia silenciou os músicos, mas não o trabalho da Escola de Música da Santa Casa da Misericórdia de Arruda dos Vinhos. Mesmo durante o período de confinamento, os ensaios continuaram através das plataformas digitais, num projeto denominado ‘Somos uma Equipa’ que juntou, no ‘Teams’ da Microsoft, alunos e professores com vontade de continuar a evoluir e, sobretudo, a “manter a esperança”.

Luísa Jesus, responsável da Escola de Música, acredita que a palavra-chave para a situação é reinvenção. “Estamos a reinventar-nos”, resume. Portanto, e na medida do possível, as aulas de música foram mantidas em modelo remoto e os ensaios resultaram na produção de vídeos que, depois, foram divulgados nas redes sociais e canal do Youtube.

“Apesar da época delicada que o país e o mundo atravessam, a vida não pode parar e as instituições têm de prosseguir a sua atividade, reinventando-se, sob pena de comprometerem o seu futuro, sendo esta a atitude que tem caracterizado a nossa escola”, reforça Luísa.

“A intenção era nunca parar e a verdade é que não é bom que os instrumentos estejam silenciados muito tempo. Mas foi principalmente para motivar os miúdos porque, estando eles fechados em casa durante três meses, sempre iam tendo a música”, afirma a responsável que acredita que as aulas online foram uma oportunidade para que os participantes não desanimassem naqueles momentos difíceis.

“Diante de uma pandemia inesperada, encontrámos um novo meio de poder realizar ensaios, aprendizagens e manter viva a paixão pela música. Através das aulas online, tivemos, igualmente, a oportunidade de encontrar os nossos colegas e alunos, de continuar a ter aulas de aperfeiçoamento e aprendendo novas músicas, reinventando também o modo de trabalhar em grupo”, afirmou.

Sem esconder que este foi um “período extremamente difícil e exigente”, uma vez que nem todos conseguiram aderir, porque muitos alunos estavam a ter as suas atividades escolares também online, Luísa aponta os “bons feedbacks” e resultados alcançados: “conseguimos trabalhar bem”, sintetiza.

A escola, que espera iniciar as suas atividades presencias em outubro, tem contado, neste ano letivo, com uma boa adesão. “Estamos sempre motivados e ainda com mais vontade de fazermos o melhor pela nossa escola e banda”, afirma Luísa Jesus, para quem a “vitalidade e a capacidade de trabalho” será a chave para ultrapassar todas as dificuldades e garantir o futuro do organismo e da Banda de Música da Santa Casa de Arruda dos Vinhos que, precisamente neste mês de outubro, assinala os seus 12 anos de atividade.

De facto, as bandas filarmónicas são importantes entidades culturais que, desde a sua génese em Portugal, têm e sempre tiveram um papel fundamental na nossa sociedade.

Apelidadas de "conservatórios do povo", nelas sempre se fez crescer e proliferar o amor pela música, mesmo em tempo de guerra, mesmo em tempo de crise. Nas procissões, nos arraiais, nos concertos em coretos ou em praças e atualmente também em palcos de grande referência, as bandas são veículos transgeracionais que contribuem de forma inegável para a democratização da cultura musical.

Num ano em que tinha a agenda praticamente preenchida, a Covid-19 veio estragar os planos da banda, que teve de cancelar toda a atividade, mas mantém, ainda assim, a vitalidade.

A Banda de Música da Misericórdia de Arruda dos Vinhos, fundada em 2008, teve a sua primeira apresentação ao público no dia 15 de agosto de 2009 no decorrer da festa local em honra de Nossa Senhora da Salvação.

A banda nasceu da iniciativa do provedor Carlos Lourenço, que, com o apoio de António Parente, criaram os meios e recursos necessários por forma a concretizar o projeto da banda de música. Atualmente, conta com um ativo de 44 elementos, na sua maioria jovens, sendo que a quase totalidade destes elementos são oriundos da escola de música da instituição.

Tanto a escola, como a banda visam contribuir para a realização cultural e recreativa dos jovens e adultos do concelho.

Voz das Misericórdias, Filipe Mendes