Inovar é a palavra de ordem na Misericórdia que elegeu recentemente um dos mais jovens provedores de todo o país, Nuno Reis, de 40 anos. Agora a instituição também quer inovar na gestão dos seus recursos humanos. Para isso, apresentou no passado dia 7 de junho, naquele que foi o seu terceiro encontro de colaboradores, inserido no programa dos 519 anos da Santa Casa da Misericórdia, o “Projeto das Pessoas: SIM (sistema integrado de melhoria e gestão de pessoas). A apresentação esteve a cargo da professora do Instituto Universitário de Lisboa e especialista em recursos humanos e comportamento organizacional Generosa do Nascimento, “arquiteta” do novo programa, e do provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares, que deu uma breve aula sobre a gestão de pessoal.
“As Santas Casas não conseguem competir com o setor empresarial no que se refere a remunerações”, refere Nuno Reis. Contudo, frisa que é importante notar que o trabalho realizado nas Misericórdias “remunera” de outras formas. “Quem serve a Santa Casa, serve uma causa maior” e, por isso, a motivação e a satisfação têm de ir “além daquilo que é o mero objetivo do vencimento”.
Os pilares do novo projeto SIM baseiam-se na génese desta ideia e priorizam valores como o humanismo, a eficiência, a sustentabilidade, a criatividade, a confiança e a paixão. Para isso, será criado o Gabinete das Pessoas, um novo espaço para os colaboradores e que almeja mudar por completo o seu relacionamento com a instituição. Oferecer maior autonomia, incentivar a flexibilidade e valorizar o mérito, de forma a ter funcionários mais satisfeitos, que, por sua vez, prestarão um serviço de excelência com base na sua satisfação profissional.
Mas o primeiro ato formal da sessão foi homenagear antigos funcionários da Misericórdia, que viram reconhecida a importância da sua longa trajetória desenvolvida durante muitos anos.
Este é um ato de reconhecimento da transformação do conhecimento em valor, conforme disse António Tavares, o primeiro dos oradores a discursar, para quem o setor social enfrenta desafios como a transparência, ou seja, a capacidade de conseguir “comunicar bem o que fazemos na organização”, ou a inteligência, enquanto capacidade de conseguir reter profissionais bem preparados.
“A estrutura da nossa organização vai ter que evoluir para ser descentralizada”, destaca António Tavares, especialmente diante do ambiente adverso em que sobrevive a economia social. “As pessoas vão deixar de ser tratadas como empregados e passarão a ser membros da organização e terão de ser lideradas para demonstrar a sua proatividade e mérito, que deve ser premiado”, disse deixando algumas pistas de conceitos que estarão presentes no novo projeto a ser implantado. “O que a Misericórdia de Barcelos está a fazer é decisivo para o seu futuro, porque o grande património destas instituições são as pessoas”, concluiu.
Aplicados os fundamentos do novo “Projeto das Pessoas”, Generosa do Nascimento concluiu afirmando não ter dúvidas de que “Barcelos será, dentro em breve, a melhor Santa Casa do país”. Voz das Misericórdias, Alexandre Rocha