Agilizar procedimentos, sobretudo burocráticos, para intervir com maior eficiência. É este o grande objetivo do acordo estabelecido entre a Santa Casa da Misericórdia de Beja e a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA), visando a conservação do antigo hospital de Nossa Senhora da Piedade. O protocolo foi assinado em agosto e, na opinião do provedor da Misericórdia alentejana, é uma enorme mais-valia para a valorização do imóvel, datado de 1490 e classificado como monumento nacional.
“O objetivo fundamental foi agilizar todos os procedimentos que nós, muitas vezes, temos durante o ano, no sentido da conservação do edifício”, explica João Paulo Ramôa, que acrescenta: “como este está classificado como património nacional, temos uma série de exigências e de responsabilidades perante a tutela, que tem de dar este tipo de respostas. E por vezes isso demora muito tempo, o que torna a recuperação do edifício – às vezes apenas uma janela que se partiu ou um reboco que caiu - incompatível com o tempo normal de recuperação daquilo que se estragou ou se vai degradando”.
De acordo com o provedor da Misericórdia de Beja, o protocolo agora firmado estabelece entre as partes “uma ligação mais próxima” e “um conhecimento mais aprofundado da parte do Ministério da Cultura relativamente ao edifício”. “É uma agilização muito importante, pois vai retirar-nos imenso tempo de espera por coisas que às vezes são simples”, observa João Paulo Ramôa.
O antigo hospital da Misericórdia de Beja remonta ao século XV, tendo sido mandado construir por D. Manuel I, na altura duque de Beja. O edifício é “testemunha” da transição do estilo gótico para o manuelino e serviu durante séculos como unidade hospitalar na cidade de Beja, até à inauguração do atual hospital distrital, em 1970. Hoje está classificado como monumento nacional.
João Paulo Ramôa sublinha tratar-se de “um dos edifícios mais antigos e importantes da cidade”, sendo que só no último ano a Misericórdia investiu no imóvel, em trabalhos de conservação, cerca de 50 mil euros. Para o futuro a curto prazo, a instituição conta realizar duas intervenções de maior monta, cuja execução já beneficiará do acordo celebrado com a DRCA.
“Uma das propostas tem a ver com a remodelação do Museu da Farmácia, com a anexação de algumas áreas adjacentes, que terão outras valências, e com a recuperação dos frescos do século XVII que pusemos a descoberto em novembro do ano passado”, explica João Paulo Ramôa. O provedor adianta que a intervenção está avaliada em cerca de 250 mil euros e vai ser candidatada ao Fundo Rainha D. Leonor, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, podendo começar no final de 2020.
Em paralelo, a Misericórdia de Beja pretende avançar com a recuperação da talha da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, que fica junto ao antigo hospital. A empreitada poderá chegar aos 250 mil euros e o projeto será candidatado, até final do ano, a financiamento comunitário, por forma a poder ser executado em 2021.
Voz das Misericórdias, Carlos Pinto