A Santa Casa da Misericórdia de Belmonte quis manter a tradição neste Natal e, apesar das contingências, participar no projeto “Natal no Hospital”. Trata-se de um desafio que é lançado, todos os anos, à instituição pelo Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira, para realizarem trabalhos alusivos ao Natal que, durante a quadra, estarão expostos no átrio do hospital.
Levar o espírito de Natal aos doentes, a quem os visita e a quem ali trabalha é o objetivo desta iniciativa a que a Misericórdia de Belmonte diz sempre que sim. “Dinamiza a instituição, promove a parceria com outras entidades, mantém os utentes ativos e envolvidos com outros projetos que não sejam só da Santa Casa e o trabalho dos nossos utentes é reconhecido fora da instituição, porque é visto por outras pessoas, até de outros concelhos”, explica Andrea Matias, animadora sociocultural da Santa Casa da Misericórdia de Belmonte.
Além disso, é também uma forma de levar o Natal ao hospital e embelezar o espaço hospitalar. Tudo começa em novembro, envolvendo entre 10 a 15 utentes do lar da Misericórdia, para além do núcleo de voluntariado da instituição.
Escolhido o tema, por norma o presépio, “devido à simbologia e porque eles gostam”, é deitar mão à obra. “Houve um ano que fizemos um presépio só de pinhas, e passámos uma tarde bastante divertida com eles no pinhal à procura das pinhas para o trabalho que é sempre feito com técnicas e materiais diferentes”, recorda. Mas, também já houve presépios feitos de renda, uma casa de pai Natal feita com caixas de leite, que este ano está exposta na instituição, e tantos outros. “Eles já sabem que quando chega o fim do ano é altura de fazer o projeto para o hospital e adoram.”
Este ano foi diferente. Devido à pandemia e às restrições que se impunham no lar na altura de realizar o projeto, não foi possível envolver nem os utentes, nem o núcleo de voluntariado.
Ainda assim, a Santa Casa não quis deixar de participar e alguns funcionários da instituição elaboraram um presépio com a técnica da linha em arte.
“Só utilizámos linha e pregos. Os funcionários da manutenção ajudaram a fazer a estrutura, de madeira, com tecido de fundo preto, a colocar os pregos no formato correto da figura para que, no fim, ao passar as linhas, aparecesse o presépio.”
E apareceu. A tempo de ser fotografado e enviado para o hospital, que também este ano teve de se reinventar. Ao invés da habitual exposição de trabalhos, decorou uma árvore de Natal, no átrio, com fotografias dos projetos que as instituições realizaram, dentro de portas.
“Não quisemos deixar de participar e marcar presença este ano, num projeto que é muito acarinhado pelos utentes da instituição.”
Habitualmente, o dia de ir levantar o trabalho ao hospital, que fica noutro concelho, é dia de passeio. “Aproveitamos e vamos ver a exposição e os trabalhos de outras instituições, eles gostam.”
Este ano não haverá passeio, mas os utentes já pensam na primavera. Altura em que o hospital volta a lançar o desafio à instituição para realizar trabalhos relacionados com a estação das flores.
“O projeto é idêntico, mas o cenário tem a ver com a primavera. Da última vez fizemos uma coroa com flores, em tecido e à mão, com os 10 mandamentos da instituição.”
Os utentes do lar da Misericórdia de Belmonte aguardam, ansiosos, pela chegada da primavera, na esperança de com ela chegar a possibilidade de tecerem, livre e desconfinadamente, o próximo cenário.
Voz das Misericórdias, Paula Brito