O primeiro nevão da época causou constrangimentos ao SAD de Boticas, mas os utentes não ficaram sem uma refeição quente

A equação é simples: se as temperaturas baixam num território cuja altitude se situa acima dos mil metros, é provável a ocorrência de neve. Foi o que sucedeu a 4 de dezembro, nas zonas a norte do concelho de Boticas. O manto branco condicionou os acessos, levando à interrupção dos transportes escolares, mas não parou o serviço de apoio domiciliário (SAD) da Misericórdia, que apoia 95 utentes.

“Como já é habitual nestas circunstâncias, a Proteção Civil e os Bombeiros costumam auxiliar-nos na distribuição das refeições. Os utentes sabiam que iam ter uma resposta, mas que podia demorar mais um bocadinho”, referiu a diretora técnica do SAD, Isabel Torres.

As marmitas, com sopa de feijão verde e solha assada no forno acompanhada por batata cozida e legumes, acabariam por chegar aos 73 utentes residentes nas 15 aldeias afetadas. Na sua maioria, são mulheres, com 80 ou mais anos e que vivem sozinhas. “Algumas já com algumas dependências e sem grande retaguarda familiar. Para muitas, as únicas pessoas que veem durante o dia são mesmo as colaboradoras do serviço de apoio domiciliário”, acrescentou.

A operação de distribuição e entrega de refeições do SAD implicou, assim, a mobilização de quatro viaturas todo-o-terreno ou equipadas com correntes para a neve. “No dia seguinte, ainda foi preciso recorrer a um jipe dos bombeiros para ir a umas aldeias mais isoladas, porque, apesar da Câmara e da Proteção Civil terem feito a limpeza da Estrada Nacional, dentro das aldeias há sítios aos quais o limpa-neves não consegue ir”, explicou Isabel Torres.

As equipas do SAD viram-se a braços com algumas ausências, porque também as funcionárias “não conseguiram vir trabalhar por causa da neve, mas correu tudo bem”. “Nesse dia, não se prestou o serviço de higiene habitacional, mas retomou-se nos seguintes”, frisou.

Além da refeição quente, foi ainda necessário levar “alguns medicamentos da farmácia a um ou outro utente que planeava vir à vila”. “Tudo decorreu com alguma normalidade, porque já é habitual isto acontecer três ou quatro vezes ao ano, por isso, já temos as coisas mais ou menos montadas para que, quando acontece, consigamos responder rapidamente”, salientou a diretora do SAD de Boticas.

A paisagem nevada implica estes ajustes logísticos, mas os utentes preferem olhar para os benefícios que traz para a agricultura: “dizem que fertiliza muito os solos, que é bom para o que se produz e para os pastos, por isso, a neve é vista com bom agrado”.

Voz das Misericórdias, Patrícia Posse