O Teatro Municipal de Bragança foi o palco escolhido para receber os homenageados, no passado dia 6 de julho, altura em que a instituição completou cinco séculos ao serviço do povo brigantino. “As pessoas e entidades homenageadas são amigos da Santa Casa, que têm feito tudo o que podem para que a instituição tenha a imagem que tem hoje”, salientou o provedor da Misericórdia de Bragança, Eleutério Alves.
O Presidente da República foi um dos convidados de honra, tendo a sua presença sido “a melhor prenda que a instituição podia ter”, na opinião do provedor, já que se tratou do “reconhecimento de todo o trabalho que a Santa Casa de Bragança tem vindo a desenvolver”. Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de salientar isso mesmo, no seu discurso, valorizando o papel das Misericórdias e a importância de comemorar 500 anos de bem-fazer. “Não podendo estar em todos os aniversários das Misericórdias, homenageando a de Bragança, homenageio todas”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República defende a valorização das Misericórdias e IPSS, frisando que “é uma ilusão pensar que se podem dispensar”. Marcelo não tem dúvidas de que se estas instituições não existissem, “em tempos de crise, poderiam ter havido outras consequências no tecido social português”. O chefe de Estado acrescentou ainda que celebrar a história das Misericórdias “não é celebrar o passado, nem o presente, mas celebrar o futuro”, em particular “daqueles que vivem mais longe dos grandes centros”, recusando a ideia de que possam existir “vários ‘portugais’, a várias velocidades”.
Também o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), presente na cerimónia, sublinhou o papel destas instituições na sociedade. “Nós só somos interessantes porque respondemos às necessidades das populações, se assim não fosse, já ninguém queria saber de nós. Só querem saber de nós, e muito, porque somos precisos”, referiu ao VM Manuel de Lemos.
Durante a sessão comemorativa dos 500 anos da Santa Casa de Bragança, o representante da UMP fez questão de entregar ao provedor uma peça, produzida por um artesão de Borba, como lembrança, “em nome de todas as Misericórdias”. No seu discurso, Manuel de Lemos sublinhou ainda que estas “são instituições que celebram a vida”.
Por sua vez, o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), reconheceu que a Misericórdia de Bragança “é uma grande instituição e grande empregadora”. O padre Lino Maia destacou ainda o papel do provedor brigantino na organização que lidera. “A CNIS é o que é muito graças à Misericórdia de Bragança e ao trabalho do seu provedor”, referiu.
Quanto aos desafios que a Misericórdia de Bragança terá de enfrentar no futuro, Eleutério Alves reforçou que “é urgente criar uma resposta diferenciada na área das demências”. O provedor admitiu ainda ter consciência de que “vai ser necessário inovar e criar muito para conseguir responder às novas situações” que a sociedade lhes coloca.
As comemorações dos 500 anos da Santa Casa da Misericórdia de Bragança começaram em janeiro e vão estender-se até ao final do ano, com diversas iniciativas culturais, recreativas e desportivas.
A instituição conta com 350 trabalhadores e presta cuidados a cerca de mil utentes, nas diversas valências de que dispõe.?
História on-line e em livro
Tornar acessível a história da instituição e possibilitar a consulta de documentos que fazem parte do percurso da mesma é uma preocupação para a Misericórdia de Bragança. Nesse sentido, foi assinado, no início deste ano, um protocolo com o Arquivo Distrital e o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), que permitiu criar o “Repositório de Memória Regional”, acessível on-line, através da Biblioteca Digital desta instituição de ensino superior. O projeto foi apresentado publicamente durante a comoração dos 500 anos da Misericórdia de Bragança, no passado dia 6 de julho, altura em que foi revelado que este repositório de documentos já registou mais de 800 consultas por parte dos internautas.
Também disponível na Biblioteca Digital do IPB está o primeiro volume da obra “A Santa e Real Casa da Misericórdia de Bragança- Percursos e Olhares”, da autoria dos professores de ensino superior José Rodrigues Monteiro e Marília Castro. Trata-se de uma investigação da história da instituição, ao longo destes cinco séculos. Os autores contam publicar mais dois volumes, até ao final do ano.
No dia do aniversário, foi ainda apresentada a reedição da obra de Monsenhor José de Castro, conhecido historiador brigantino, nascido nos finais do século XIX. “A Santa e Real Casa da Misericórdia de Bragança” foi alvo de uma revisão científica e de texto, levada a cabo por uma equipa do IPB, liderada por Maria Antónia Lopes. O livro, disponível, para já, apenas em versão impressa, foi editado pelo Instituto Politécnico, 70 anos depois de ter sido publicada a versão original.
Voz das Misericórdias, Sara Geraldes