O apoio espiritual, prestado pelo capelão da Misericórdia de Bragança, revelou-se crucial durante o surto de Covid-19, que infetou mais de 140 pessoas, em dois lares da instituição, entre finais de setembro e novembro. Hoje, estão quase todos recuperados e a aguardar alta médica.

Neste período particularmente exigente para utentes, colaboradores e familiares, o padre José Carlos Martins levou “palavras de apoio, de conforto espiritual e esperança” a todos os que procuraram a sua ajuda, adaptando os serviços de capelania ao contexto que vivemos.

O seu telefone passou a estar disponível 24 horas por dia, destinando-se o seu apoio a acompanhar as famílias, sobretudo enlutadas, os colaboradores, que precisavam de “ânimo e força” para superar esta “tarefa árdua e exigente”, e os utentes onde o desalento imperava.

“As pessoas são muito sensíveis à partilha, solicitação e atenção que se lhes presta. Às vezes um simples silêncio e um olhar de acolhimento do seu sofrimento e dor é suficiente e muito eficaz. Mas cada caso e situação são únicos”, explica. Adaptando a sua intervenção, consoante as necessidades que identificou no terreno, o capelão procurou desde o início mostrar-se disponível, sem impor o diálogo, valorizando “estar e acolher, ouvir muito mais do que falar”.

Neste tempo de pandemia, os serviços de capelania estiveram sempre ativos e disponíveis, reinventando soluções alternativas à proximidade física. A utilização das tecnologias de comunicação e do telefone, como vias preferenciais de contacto, foram substituídas pela presença física, apenas em casos pontuais e necessários, com as devidas medidas de segurança.

Em todos estes contactos de proximidade, espiritual e emotiva, o capelão da Santa Casa foi conselheiro, psicólogo e amigo nas horas de maior incerteza, valorizando o “valor da oração, a força da fé e a confiança nos profissionais que cuidam”.

Nas declarações ao VM, deixou uma palavra de apreço e admiração a estes cuidadores enaltecendo o “zelo, competência e abnegação de todos”, sem exceção: colaboradores, médicos, enfermeiros, voluntários e mesa administrativa, entre outros. “Têm sido extraordinários neste tempo de exigência singular, expressando uma verdadeira caridade cristã que vai além da solidariedade”.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas