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- Cabeço de Vide | Perpetuar a memória e o legado de quem fez história
A homenagem decorreu no dia 14 de dezembro, na data que assinalou um ano desde o acidente que vitimou Manuel Fontainhas e a sua esposa, Vicência Fontainhas, numa cerimónia que decorreu no edifício do Lar de Nossa Senhora das Candeias e ficou marcada por grandes emoções e uma saudade sentida em cada uma das palavras proferidas nas várias intervenções que foram feitas em sua memória.
Reconhecido por todos como um homem de causas, de bem, um grande amigo, pessoa de grande honra e um profissional de excelência na arte da relojoaria pela sua habilidade e engenho, Manuel Fontainhas desempenhou vários papéis relevantes na vila que o viu nascer: foi presidente de Junta durante várias décadas, provedor da Santa Casa e presidente da Mesa da Assembleia Geral, cargo que ocupava no momento do seu falecimento, e muito trabalhou em prol da instituição e do seu desenvolvimento.
Antecedendo as intervenções em memória do homenageado, foi entregue aos netos, António, Beatriz, João e Manuel, o Diploma de Irmão Honorário atribuído a Manuel Fontainhas e, em seguida, foi-lhes pedido que procedessem ao descerramento de um retrato do seu avô, através do qual a instituição pretende perpetuar a memória de quem tanto trabalhou em prol da Misericórdia e da vila de Cabeço de Vide.
Foi com saudade e emoção nas palavras que Domingos Madeira recordou o amigo de longa data, com quem partilhou esta missão de ser dirigente nesta instituição, e a quem atribui a responsabilidade de ser, ainda hoje, provedor, descrevendo Manuel Fontainhas como “um homem de Misericórdias”, título dado há muitos anos “aos homens bons das populações, porque se preocupavam com os pobres, com os indigentes e com aqueles que mais sofriam”.
Ribeirinho Leal, que sucedeu a Manuel Fontainhas como presidente da Assembleia Geral da Misericórdia, recordou com tristeza a partida do amigo, “um dos videnses mais ilustres dos últimos tempos e uma das pessoas mais honradas e mais prestáveis que conheci ao longo de toda a minha vida”, asseverou.
Lembrando que Manuel Fontainhas dedicou a maior parte da sua existência “à família, que muito amava, mas também à comunidade onde nasceu, cresceu, viveu e que muito dignificou, sempre com uma imensa dedicação pela sua terra natal que amava como poucos”, Ribeirinho Leal recordou um pouco da sua rica história de vida e não poupou elogios ao descrever as qualidades do homenageado.
“Além de ser um católico exemplar e um grande devoto de Nossa Senhora das Candeias, Manuel Fontainhas foi sempre um homem de causas e um lutador incansável. Entre as suas muitas qualidades, tinha, com a sua natural simpatia e assertividade, o condão de saber arquitetar e construir pontes. Era um homem de diálogo e um gerador de consensos”, assegurou, afirmando ainda que “Cabeço de Vide perdeu uma das suas referências humanas mais ilustres".
José Courela Filipe, afilhado de Manuel e Vicência Fontainhas, também fez questão de prestar o seu tributo nesta “merecida e devida” homenagem, enaltecendo a iniciativa da Santa Casa de reconhecer quem “deu tanto à instituição, como irmão, como mesário, como provedor e, por fim, até ao seu último dia, como presidente da Mesa da Assembleia Geral. Se a sua entrega à Misericórdia foi notável, o mesmo se pode dizer relativamente à Junta de Freguesia, na qual serviu toda a população durante mais de 50 anos”, afirmou.
A homenagem culminou com as filhas de Manuel Fontainhas, Ana Maria Fontainhas e Maria Emília Fontainhas Perestrelo, a dirigir algumas palavras de agradecimento, à Santa Casa pela homenagem e a todos os presentes pelo carinho demonstrado pelos seus pais.
Recordando o fatídico dia em que “fomos confrontados com a perda de alguém que marcou a vida de todos os que se cruzaram no seu caminho”, Ana Maria e Maria Emília descreveram os pais como “verdadeiros pilares”. “Os vossos nomes são sinónimo de entrega, generosidade e amor ao próximo”, constataram, referindo-se ainda a Manuel Fontainhas como “um exemplo de altruísmo e dedicação”, pois “a sua vida foi um testemunho de como o bem comum pode ser colocado acima de tudo, mesmo em momentos de sacrifício pessoal. Cada gesto seu era pensado para ajudar, para construir um mundo melhor, para dar conforto a quem mais precisava”, recordam.
Conscientes de que a comunidade, que “ajudaram a moldar”, sente a falta dos pais, Ana Maria e Maria Emília dizem acreditar que esta mesma comunidade carrega “a marca do vosso exemplo”, pois “onde havia necessidade, havia a vossa presença; onde havia tristeza, levavam esperança. A vossa dedicação ensinou-nos que a felicidade não está apenas no que conquistamos para nós, mas naquilo que fazemos pelos outros”, sublinham.
Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão