Em Cantanhede, os mais velhos podem recordar velhas práticas hortícolas, enquanto as crianças ficam a saber como crescem os feijoeiros. A iniciativa das hortas comunitárias, da Misericórdia e da autarquia, em parceria com a empresa municipal INOVA-EEM, coloca ao dispor dos munícipes e dos beneficiários da instituição uma parcela de terreno para cultivarem os seus produtos agrícolas.

Há quase uma década (desde 2012), os cidadãos de Cantanhede e os utentes da Santa Casa (entidade proprietária do terreno) podem dedicar-se à pequena atividade agrícola, materializada sob a forma de hortas, produzindo uma variedade de legumes, de vegetais e de ervas aromáticas para consumo próprio, além de ocuparem o tempo de forma saudável, pondo as mãos na terra e ganhando consciência ambiental.

Numa época em que, sobretudo nas grandes áreas metropolitanas, se aproveita, ao milímetro, o espaço doméstico para as denominadas hortas urbanas, o provedor Rui Rato afirma que se justifica plenamente a existência desses talhões, no âmbito do Programa Hortas Comunitárias, visando criar uma zona de horticultura num território verde, com manutenção participada e fomentadora do espírito comunitário. 

Através desta iniciativa, a Misericórdia pode aproveitar o talhão que lhe está reservado para estimular os utentes mais velhos e com autonomia a cultivarem produtos hortícolas, recuperando a memória de práticas agrícolas tradicionais e locais, sem recorrerem aos adubos químicos nem aos pesticidas. Enquanto o provedor, o administrador-delegado António Alexandre Henriques e o técnico administrativo José Coimbra Alves nos mostravam as plantas, os legumes e os alimentos frescos, sublinharam o aproveitamento dos restos que ali são decompostos para reutilização como fertilizantes ou adubos orgânicos.

Este espaço constitui igualmente um reforço da componente pedagógica das crianças da creche e do pré-escolar, ao permitir a promoção das boas práticas ambientais e ao incentivar uma aprendizagem ecológica e sustentável, a par do desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis.

Voz das Misericórdias, Vitalino José Santos