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- Condeixa-a-Nova | Livro para evocar memória do principal benemérito
O provedor refere que “a Misericórdia de Condeixa-a-Nova demonstra, assim, e para além do seu principal escopo social, a sua vocação de instituição de carácter cultural”, ao disponibilizar à comunidade “um acervo no qual podem ser estudados, consultados ou simplesmente apreciados livros antigos e obras de artistas que se notabilizaram na pintura, no desenho e na escultura, e são como que uma metáfora do renascer de vida do doador e de todos quantos se dedicaram ao longo de décadas, desde o ano da sua fundação, 1926, em prol desta benemérita instituição local”.
Por sua vez, os quatro autores da publicação – Miguel Pessoa (coordenador da obra), Paulo Archer de Carvalho, Lino Rodrigo e João Pocinho – afirmam que este “legado e a forma transparente e solidária como tem sido administrado, através de sucessivas gerações de responsáveis provedores, corpos sociais, técnicos, cuidadores, auxiliares, familiares de utentes, associados e apoiantes, que se empenham no seu serviço, criaram condições de confiança entre a comunidade, dando lugar a impulsos motivadores de novas doações”.
A propósito de Fortunato de Carvalho Bandeira (1885-1961), os autores da aludida publicação dizem que era “um homem do seu tempo”. Tanto na sua juventude como na idade adulta, como asseguram, esta personalidade “singular” esteve envolvida em ações sociais, profissionais, políticas e filantrópicas, “às quais não é alheia uma cultura vincadamente republicana, que era a sua”.
A nível da intervenção política, assumiu a presidência da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova em 1910, em 1919 e em 1923. Posteriormente, entre 1931 e 1940, foi vice-provedor da Misericórdia condeixense, à qual doou todos os terrenos onde se encontram o Lar 1, o Lar 2 e o Lar 3 (para pessoas idosas), bem como a cozinha central e o centro de dia, a par de “muitos outros bens que permitiram em boa parte a sua construção”. A doação, por testamento, dos seus bens à Santa Casa de Condeixa-a-Nova, em janeiro de 1961, tornou possível, segundo os autores do livro, a inauguração, em dezembro de 1970, de um lar com a capacidade inicial para 40 seniores e cinco elementos (colaboradores) da instituição.
“Se esse altruísmo o levará a não contemplar nos bens o seu irmão, será por uma causa nobre, confiando aos seus vindouros a tarefa de pôr em prática as disposições testamentárias com as quais beneficiava a Misericórdia de Condeixa-a-Nova”, observam os autores da publicação intitulada “Colecções do Legado de Fortunato de Carvalho Bandeira 1885-1961. Catálogo. Galeria de Retratos, Mobiliário e Biblioteca”.
Este documento bibliográfico teve o contributo de uma vasta equipa coordenada por Miguel Pessoa (ex-vice-provedor), incluindo o trabalho de planeamento por Cristina Dias, a direção técnica de Ana Elisa Silva, a fotografia de Francisco Pedro, o design gráfico da capa de Paulo Emiliano, a minuciosa inventariação por Carla Marcelino, Isa Fontes, Ângela Ferreira, Andreia Oliveira e Mara Melâneo, entre outras colaborações, tendo Regina Barros revisto o texto. A publicação contou com o apoio da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, da Associação Ecomuseu, do Centro de Estudos Vergílio Correia e do Movimento para a Promoção da Candidatura de Conímbriga a Património Mundial da UNESCO.
Voz das Misericórdias, Vitalino José Santos