Transparência tende a ganhar cada vez mais importância enquanto valor de gestão nas entidades de economia social e solidária.

Os desafios de gestão com que são confrontadas as entidades do setor social foram o tema da sessão temática “Transparência e rigor: instrumentos fundamentais de gestão”. Moderado pelo provedor da Misericórdia de Amarante, José Augusto Silveira, o debate contou com João Vieira Pereira, diretor adjunto do Expresso, Nuno Mota Pinto, vogal executivo do Montepio, e Luís Menezes, diretor geral da UNILABS Portugal.

“Se o Estado não dá exemplo, como pode pedir rigor e transparência à restante economia?”. A pergunta foi lançada pelo diretor adjunto do Expresso, que falava aos congressistas a propósito do orçamento de Estado para 2019 e sobre as recentes denúncias relativas à gestão da Caixa Geral de Depósitos, que considera “a antítese do que deveria ser rigor e transparência”.

Esta ideia da transparência dos resultados foi defendida pelo diretor geral da UNILABS Portugal, para quem o código da contratação pública, além de ver “o gestor público como um corrupto à partida”, tem normas que nem sempre viabilizam as melhores práticas em gestão. 

Muitas vezes, referiu Luís Menezes, “os concursos públicos são ganhos na papelada e não na proposta”. As perdas provocadas por este modelo “sem flexibilidade para a velocidade do século XXI” são de caráter financeiro e qualitativo e têm impacto em toda a população do país, disse.

Para este responsável, “só se pode gerir com a máxima eficiência na utilização dos recursos com instrumentos que ofereçam agilidade, autonomia, flexibilidade e rapidez de decisão”. Esta autonomia, continuou, “implica uma transparência total dos resultados obtidos e medidas punitivas reforçadas para os prevaricadores”.

A sessão temática dedicada à gestão terminou com a apresentação de Nuno Mota Pinto, para quem transparência e rigor na gestão das entidades de economia social devem constituir um dever e uma exigência, quer junto de quem apoia financeiramente, quer junto da sociedade civil. “Se todas as entidades entram numa competição para angariação de recursos, qual a razão de não demonstrar uma atuação transparente e clara?”

Por isso, continuou o vogal executivo do Montepio, as entidades de economia social e solidária devem “adaptar-se ao contexto socioeconómico que as rodeia, concretizando uma gestão empresarial, com fim social”.

Entre diversas medidas que devem ser implementadas pelas entidades do setor social, Nuno Mota Pinto destacou a profissionalização dos recursos humanos com ferramentas de gestão, “desde logo junto dos órgãos de direção”. As entidades, disse, devem “fomentar capacidades de liderança junto dos quadros diretivos, capacitar e formar os seus recursos humanos e gerir talento humano com níveis de retribuição adequados”.

Na reta final deste debate e a propósito de políticas de recursos humanos, o diretor adjunto do Expresso afirmou que “a transparência gera resultados” e que uma boa prática de transparência para empresas e entidades de economia social é a publicitação das remunerações dos seus colaboradores.

 

Voz das Misericórdias, Bethania Pagin