Sob o lema “DiverCidade Cultural”, a Santa Casa da Misericórdia da Covilhã promoveu, durante o mês de maio, um conjunto de iniciativas culturais, desportivas, lúdicas e pedagógicas com o objetivo de integrar os cidadãos estrangeiros que residem na Covilhã, sobretudo os que já passaram pela Misericórdia quer através do Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM), quer inserido em projetos do Centro Local de Desenvolvimento Local (CLDS), ambos coordenados pela Misericórdia.

Segundo o provedor da instituição, Neto Freire, desde 2014, a Misericórdia da Covilhã prestou apoio a mais de duas mil pessoas, de 27 nacionalidades, de todo o mundo. “Uns já partiram, outros chegaram agora” e outros ficaram, “entre 10 a 15% trabalham atualmente na Misericórdia”, revelou.

Das diversas iniciativas do programa fez parte a realização de uma mostra cultural na tarde de sábado, 17 de maio, que juntou algumas centenas de pessoas e visitantes no Jardim do Lago, da cidade. Uma iniciativa que vai já na quarta edição e que tenta juntar, no mesmo espaço, diferentes culturas, promovendo a interação e a partilha entre todos. “O que pretendemos é que eles se integrem bem na cidade da Covilhã e que a Misericórdia faça parte da realização dos seus sonhos”, contou o provedor ao VM.

As bandeiras identificavam os espaços onde os trajes típicos que vestiam, a gastronomia local que prepararam para degustação, o artesanato, as fotografias dos monumentos mais importantes mostravam a cultura da sua pátria que partilharam uns com os outros, com os visitantes que foram propositadamente à mostra ou com aqueles que foram atraídos pelas cores, pelos sabores, pelos cheiros e pelos sons, já que durante a tarde, num palco improvisado, ouviram-se músicas de várias línguas e danças de diferentes ritmos.

Nesta viagem pelo mundo, num único jardim, foi possível provar os amendoins com açúcar de Angola, conhecer o monumento ‘Metade do Mundo’ do Equador, saber que a língua oficial do Paquistão é o urdu, ouvir o hino brasileiro cantado por crianças ou dançar semba, a dança mais tradicional de Angola, apesar de menos conhecida que o kuduro. Messi é um símbolo para a Argentina e em Portugal houve de tudo um pouco, da chouriça assada ao fado, do pastel de nata ao monumento de Belém, passando por um outro pastel, salgado, típico da cidade e único no país: o pastel de molho da Covilhã. Tudo isso a acontecer numa cidade de onde também saíram pessoas para todo o mundo e “agora é importante e até gratificante que a Misericórdia ajude pessoas de outros países, de outras culturas”.

As ajudas são variadas e vão desde o preenchimento de papéis ao encaminhamento para os locais onde devem tratar dos seus problemas, seja de habitação, de alimentação ou outros, “a Misericórdia acaba por fazer misericórdia fora de portas”. Para além da mostra cultural, o provedor destacou uma caminhada urbana intercultural pelo centro histórico da Covilhã, que também se realizou pelo quarto ano e que cumpre os mesmos objetivos: integrar, partilhar e, neste caso, dar a conhecer a história da cidade que os acolhe, num percurso de onde sobressaem as igrejas, as muralhas, os miradouros, as antigas fábricas de lanifícios e as ribeiras que a atravessam.

Uma festa brasileira, um workshop de cozinha tradicional portuguesa, ações de sensibilização, na rua e nas escolas também fizeram parte do programa.

Voz das Misericórdias, Paula Brito Batista