Misericórdia do Crato celebrou 500 anos com uma homenagem a todos aqueles que ajudaram a construir uma história dedicada à causa social

A Santa Casa da Misericórdia do Crato, no distrito de Portalegre, completou em 2020 mais um marco da sua já longa missão e o momento ficou marcado por uma homenagem a todos aqueles que ajudaram a construir uma história de cinco séculos dedicados à causa social.

Para celebrar esta importante data foi preparado um ambicioso e abrangente programa que, devido à pandemia de Covid-19, não foi possível concretizar. No entanto, a instituição entendeu que não deveria terminar o ano sem que este aniversário fosse assinalado e, nesse sentido, realizou no final do mês de dezembro uma cerimónia simbólica e restrita de homenagem a todos os que ajudaram a construir a história desta Misericórdia.

A comemoração ficou marcada por dois momentos. O primeiro ocorreu no exterior da igreja da Misericórdia, onde foi colocada uma placa com uma mensagem de agradecimento e tributo pelo “trabalho de todos os dirigentes e voluntários que ao longo de cinco séculos dedicaram o seu saber e tempo a esta instituição”.

Mariano Cabaço, diretor das comemorações dos 500 anos, explicou que o simbolismo deste espaço é muito importante na história da Santa Casa por ser um marco vivo da sua existência ao longo dos últimos séculos, e que passou por diversas transformações da sociedade, sendo esse o motivo pelo qual “faz todo o sentido que fique aqui registado para a posteridade esta data”, constatou, denotando que é a primeira vez que algo assim é feito.

Afirmando ainda que as comemorações não são um saudosismo do passado, mas, sobretudo, “uma oportunidade para marcar a identidade e missão da instituição, cimentada nas obras de misericórdia que continuam tão atuais como há 500 anos”, Mariano Cabaço confessou o seu desejo que seja também um estímulo para “novas adesões”.

O segundo momento teve lugar no Lar Nossa Senhora da Conceição, onde foi inaugurado um mural, construído com a técnica da cantaria, arte tradicional do Crato, alusivo aos 500 anos e quatro placas institucionais, nomeadamente da Santa Casa, da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), da Câmara Municipal do Crato e da União de Freguesias de Crato e Mártires, Flor da Rosa e Vale do Peso, com mensagens de agradecimento e reconhecimento do papel importante que a instituição teve, e continua a ter, a vários níveis para a população cratense.

O provedor Mário Cruz, que manifestou o seu lamento por a pandemia ter impossibilitado a realização do programa “ambicioso e de grande qualidade que preparámos e que contemplava tudo aquilo que a Santa Casa deveria ter na comemoração dos cinco séculos”, referiu-se a este momento como uma demonstração do “orgulho que sentimos do trabalho destes 500 anos porque não é fácil encontrar muitas instituições com esta idade”, afirmou.

De seguida leu as palavras que figuram na placa que, como referiu, resumem aquele que foi o objetivo desta homenagem: “500 anos a cumprir com as 14 obras de misericórdia. Ontem como hoje, sempre com o pensamento nas pessoas. Uma Misericórdia atual, renovada, dinamizadora e moderna, sem nunca perder o espírito católico. Uma Misericórdia humanista, social, cultural, adaptada ao tempo e disponível para as agruras e sofrimento dos homens. Uma Misericórdia que foi, é e será sempre o celeiro dos pobres. Uma Misericórdia reconhecida a todos os que ao longo destes 500 anos lhe deram o seu melhor”.

Com “muita esperança no futuro”, Mário Cruz manifestou a sua convicção de que a instituição terá “sempre” capacidade para encontrar forças e formas de continuar a lutar pelos seus projetos, mantendo uma atividade dedicada à comunidade e ao apoio aos mais necessitados, sem “nunca perder o rumo da sua missão e identidade”.

Mariano Cabaço, que também representava a UMP na cerimónia, deixou ainda uma palavra de reconhecimento ao trabalho que tem sido desenvolvido pela Misericórdia do Crato, denotando que “são instituições que nasceram da comunidade para servir a comunidade”.

O presidente da Câmara Municipal do Crato, Joaquim Diogo, referiu-se a este momento como um “marco importante para o concelho”, considerando que foi importante não deixar de assinalar a data, pois “a história desta instituição assim o merece”.

Para o autarca, a Santa Casa é “muito presente” no Crato. “Não só naquilo que é a proteção dos mais necessitados e dos idosos, mas também naquilo que é a formação dos mais novos, na cultura, como também no papel que tem tido no desafio que nos foi colocado no ano de 2020, que foi bem representativo da importância destas instituições”, frisou, realçando ainda a sua importância em termos de economia social pelo “número de postos de trabalho que assegura num concelho como o nosso, e pelo o número de famílias que são abrangidas, direta ou indiretamente, pela sua atividade”.

Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão