O resultado desta ação foi apresentado à população no dia 11 de fevereiro, num momento em que, pela primeira vez, os intervenientes tiveram oportunidade de assistir ao documentário e receber o livro que perpetua um pouco da história de todos e de cada um.
Andreia Maurício, coordenadora técnica do CLDS, explicou ao VM que “esta atividade teve como objetivo recolher, junto dos idosos, dados sobre tradições, saberes e costumes antigos”, bem como outros temas de interesse. Através da “participação ativa” dos idosos, o objetivo era “valorizar a sua experiência de vida e os seus conhecimentos, por conseguinte a história e a cultura do concelho, impulsionando a sua perpetuação no tempo”, afirmou.
Neste contexto, e com o apoio das juntas de freguesia, foram selecionados 32 idosos para serem entrevistados em sete localidades do concelho. Após um intenso trabalho de recolha de testemunhos, “o que fizemos foi retratar em livro e em documentário o melhor do que fomos ouvindo”, referiu a coordenadora, salientando que “apesar de todas as pessoas pertencerem ao mesmo concelho, têm saberes e conhecimentos diferentes”.
Segundo Andreia Maurício, “foi muito interessante perceber que apesar das diferenças, todos tocaram em pontos chave como a pouca escolaridade, a vida dura de trabalho e um concelho muito industrializado, que agora está muito diferente”.
Na expectativa de que o resultado final conseguisse ser um retrato fiel das vivências e de uma época, a coordenadora destacou que o mais especial deste trabalho foi “dar voz a estas pessoas”. No início, continuou a explicar, estavam todos muito receosos de não conseguir falar, mas “quando passámos à entrevista, perceberam que só tinham de falar sobre eles próprios e a partir daí a recetividade foi muito positiva”, contou.
Para o provedor António Ferreira, o livro e o documentário têm especial importância para quem “trabalha com idosos”, porque “sabemos a riqueza das suas histórias e das tradições, usos e costumes de antigamente, que são parte da memória do que foi o Crato e como chegámos ao que somos”. Além disso, continuou o dirigente, a iniciativa “resulta de um exercício muito bom de apelo à conversa com os nossos idosos, estimulando-lhes a memória para relembrar o passado”.
Assumindo ter descoberto coisas que não sabia, “como as danças e costumes específicos de cada freguesia do concelho, bem como algumas especificidades de cada local”, o provedor destacou que o resultado deste projeto permite a todos “ficar a conhecer ainda mais o Crato”.
António Ferreira enalteceu todo o trabalho que tem sido desenvolvido pelo CLDS, que foi “um projeto que acarinhámos desde o primeiro momento”. “A Misericórdia é pioneira nos projetos de inserção e de luta contra a pobreza no concelho do Crato”, lembrou o provedor, destacando que o projeto ‘CRATO por tudo 4G – CLDS’ contribuiu para “abrir espíritos” para o “paradigma totalmente diferente” que marca a atualidade.
Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão