O último ano desafiou limites individuais e coletivos, exigindo leituras atentas da realidade e reajustes permanentes da intervenção. Na transição para 2021, a vacina trouxe esperança, mas a regra continua a ser proteger, cuidar e resistir. Para assinalar a data, recolhemos os testemunhos de 13 “heróis anónimos” que garantiram cuidados a quem mais precisava. Não hesitam em dizer que “voltariam a fazer tudo de novo” e atribuem o mérito à equipa que servem de forma comprometida. Relatos de quem cuida por vocação.

‘O medo não nos pode travar’

Desde o início da pandemia, viveram-se dois momentos de “maior tensão e estado de alerta” em Mora, na sequência de surtos ativos na comunidade. O mais grave aconteceu em agosto, com maior número de casos ativos, mas o mais “desgastante” coincidiu com o momento em que aguardavam a inoculação da segunda dose da vacina. Em ambos os casos, foi possível evitar a entrada do vírus na estrutura residencial.

Para Diana Pinho, esta vitória decorre de sacrifícios pessoais e medidas de proteção implementadas dentro e fora de portas. “A nossa batalha foi insistir na formação e permanente sensibilização interna, estávamos constantemente a observar e corrigir medidas de proteção”.

Entre o medo e a coragem, reconhece que a maior dificuldade foi “gerir o stress e transmitir confiança à equipa”, momentos antes de estar concluída a vacinação. “Talvez por estarmos tão próximos da reta final, vivíamos o drama dos lares vizinhos como se fosse o nosso”, justifica.

Nesse momento, valeu-lhe a equipa que “não desistiu de cumprir a sua missão”. A maioria deles priorizou os utentes acima de tudo o resto e deu provas de que “o medo não nos pode travar”.

Depois de um ano “infindável”, sente que a vacina trouxe a esperança e tranquilidade por que todos ansiavam. “Embora em alerta, já não sentimos aquele peso dramático de outros tempos”.

Diana Pinho, 35 anos, diretora técnica do lar de idosos, Misericórdia de Mora