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- Dar voz aos 'heróis anónimos' | Maria Gaivão - Misericórdia de Cascais
Voluntariado comprometido
A pandemia constrói e desconstrói todos os dias, exigindo leituras atentas da realidade e reajustes permanentes da intervenção. Mais do que imprevisível, o vírus mudou o nosso paradigma de vida. Destroçou o mundo, que assentava em frágeis alicerces.
Para Maria Gaivão, “não vamos ficar todos bem porque há uma série de variáveis fora do nosso controlo”, mas vamos ficar mais fortalecidos enquanto comunidade. “Nunca na Galiza, em 38 anos, tivemos um período tão ameaçador e desgastante, mas ao mesmo tempo tão frutuoso em dádivas, doações e disponibilidade”.
Esta rede que se constrói e aprofunda todos os dias permitiu responder ao aumento de pedidos de ajuda das famílias, na primeira vaga da pandemia, e continua a reorganizar-se em função das necessidades. Em abril de 2020, chegaram a ser 90 voluntários, entre merceeiros, motoristas, benfeitores e cozinheiros que confecionam refeições para os cabazes das famílias.
Hoje, as pessoas apoiadas sentem que fazem parte desta rede alargada e devolvem o que receberam. “Aqui não há espaço para vergonha e fragilidades, há espaço para trabalho, autonomia e responsabilidade e isso dá-nos força e coragem para caminhar”.
O percurso de Maria Gaivão, ao longo de quase quatro décadas, inscreve-se nesta “comunidade viva” que congrega amigos, parceiros e organizações motivadas. O “voluntariado comprometido e generoso” é uma das maiores riquezas da Galiza e garante que a rede se mantém viva e conectada. “Sem voluntariado não há rede nem apoio”.
Maria Gaivão, 63 anos, diretora do ATL da Galiza, Misericórdia de Cascais