O último ano desafiou limites individuais e coletivos, exigindo leituras atentas da realidade e reajustes permanentes da intervenção. Na transição para 2021, a vacina trouxe esperança, mas a regra continua a ser proteger, cuidar e resistir. Para assinalar a data, recolhemos os testemunhos de 13 “heróis anónimos” que garantiram cuidados a quem mais precisava. Não hesitam em dizer que “voltariam a fazer tudo de novo” e atribuem o mérito à equipa que servem de forma comprometida. Relatos de quem cuida por vocação.

‘Todos foram fundamentais’

“A pandemia colocou-nos à prova como indivíduos e organizações”. Afastou-nos das nossas famílias, expôs-nos a riscos de doença e gerou exaustão profissional, sem sobreaviso.

Em Barcelos, a Santa Casa resistiu sete meses sem um único caso de infeção “quase milagrosamente e com muito esforço”. Até ao dia que surgiu um caso suspeito. E tudo mudou em 24 horas. Menos trinta funcionários ao serviço, por motivo de infeção ou isolamento, e o reforço das medidas de proteção para conter o vírus e prestar os “melhores cuidados”.

Felizmente, os problemas foram antecipados. Meses antes, a instituição reforçara a equipa com um “excedente de 50 colaboradores, entre auxiliares de serviços gerais, ação médica, geriatria e enfermeiros”. Meios esses que foram determinantes para mitigar o surto no último trimestre do ano.

No rescaldo deste episódio, surgiu um novo desafio: acolher utentes com alta clínica, internados nos hospitais públicos por falta de retaguarda familiar. A resposta foi imediata. “Independentemente das dificuldades, quisemos dar um contributo adicional para uma luta que é de todos”.

O coletivo prevalece no discurso e na ação garantindo que todos assumem o seu papel. “Todos foram fundamentais na resposta assegurada”.

As perspetivas para 2021 são de uma “esperança cautelosa”. Acredita que a vacina representa um “ponto de viragem no controlo da pandemia”, mas antevê um “ano difícil”.

Nuno Reis, 42 anos, provedor, Misericórdia de Barcelos