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- Dar voz aos 'heróis anónimos' | Octávio Rocha - Misericórdia de Vila Nova de Foz Coa
Poucos para tanta exigência
O primeiro caso de infeção foi diagnosticado a 25 de março de 2020. Em 24 horas, a equipa de 30 ficou reduzida a 5 pessoas. “Momentos de desespero” inéditos em 17 anos de funções. “Éramos poucos para tantas exigências”, recorda.
Depois do choque, a reação foi imediata para garantir a salvaguarda de todos. Pelo meio, muitas noites sem dormir a vigiar idosos enquanto não chegava o reforço de voluntários e colegas de outras respostas sociais.
Apesar da “exaustão” prevalecia a vontade de “cuidar de seres humanos”. Não havia tempo para desmotivar. No exterior, a ausência de meios e falta de coordenação geravam ansiedade. “Quando estamos a trabalhar numa situação limite e os apoios não chegam na hora prevista isso causa transtorno”.
Na comunidade, o medo e estigma dos infetados grassava. Mas a coragem nunca os abandonou. As adversidades ajudam-nos a reinventar como seres humanos e profissionais. Incitam “o espírito solidário, entreajuda e camaradagem”.
Quase um ano depois, as rotinas fluem com tranquilidade, apesar das limitações de contacto com o exterior. “Não abrimos as portas desde 12 de março de 2020”. E isso impacta o equilíbrio mental e qualidade de vida dos idosos, admite o diretor técnico.
Depositam, por isso, grandes expetativas na vacinação e na tão desejada imunidade de grupo. “O risco será cada vez menor, a confiança instalar-se-á na comunidade e poderemos retomar a vida que lhes foi retirada”.
Octávio Rocha, 42 anos, diretor técnico do lar de idosos, Misericórdia de Vila Nova de Foz Coa
Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas