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- Dar voz aos 'heróis anónimos' | Sara Valadas - Misericórdia de Portimão
‘Quando é que isto termina?’
A preocupação com a saúde mental de utentes e colaboradores não é uma novidade na Misericórdia de Portimão, mas 2020 evidenciou a necessidade de intervenção nesta área. Sara Valadas não se lembra de ter vivido um “período tão exigente” na sua carreira profissional.
Entre tudo o que se perdeu, nota que o afastamento dos familiares, em relação ao processo de recuperação dos utentes, foi o elemento mais desestabilizador no contexto de pandemia. “A maior necessidade dos utentes prende-se com a partilha de afetos, os abraços, beijos e sorrisos que se perderam”.
Por mais que tentem compensá-los com videochamadas e visitas na varanda, custa não ter resposta para a pergunta “quando é que isto termina?”.
Por enquanto, não é possível avaliar todos os danos causados, mas a psicóloga estima que o “custo das vidas que pararam seja grande”.
O plano de cuidados dos utentes mantém-se, mas as atividades de reabilitação e animação em grupo estão condicionadas.
A fadiga e a impaciência surgem como reações a estas limitações. Até quando, perguntam. “Temos de ser criativos, mas queríamos ter mais para lhes dar”.
Adaptação é a chave da sobrevivência neste contexto em que a “incerteza é a única certeza que temos”.
Sara Valadas, 30 anos, psicóloga, Misericórdia de Portimão