“Queremos compensar as heroínas desta Santa Casa. Foram elas que aguentaram o período mais crítico que tivemos, em que foi difícil fazer muitas vezes 11/12 horas de trabalho”, justificou o provedor na sessão de homenagem que se seguiu à eucaristia que teve lugar ao fim da tarde na igreja da instituição.
José Candeias Neto considerou que a gratificação atribuída, de 100, 200 ou 250 euros, consoante o esforço extra pedido ao colaborador, “representa uma migalha daquilo que fizeram”, até porque “estiveram expostos a riscos de saúde acrescidos”. “Não há dinheiro que compense o vosso trabalho. Vocês têm um tesouro guardado no vosso coração que não há dinheiro que pague. Obrigado a todos”, agradeceu aquele responsável, lembrando que a recompensa incluiu também trabalhadores do infantário que foram trabalhar para o lar.
O provedor assegurou que o total das remunerações “representa para a Misericórdia quase 40.000 euros”. Mas Candeias Neto, que elogiou o espírito de sacrifício dos trabalhadores, justificou que o seu esforço foi determinante para manter o apoio aos 165 utentes idosos. “Se entrassem de baixa, como algumas fizeram logo, não teríamos ninguém para tratar deles”, concretizou, acrescentando ter havido colaboradoras que chegaram mesmo a oferecer-se para pernoitar na instituição. “As ajudantes de internato foram do pessoal mais sacrificado neste trabalho. São elas que assistem na morte porque, infelizmente agora, nem as famílias podem assistir”, lamenta.
José Candeias Neto recorda que as pessoas, incluindo colaboradores da Misericórdia, “ficaram em pânico no princípio” da pandemia. “Não tivemos ainda nenhum caso de contágio”, regozijou-se no final da celebração, advertindo para a necessidade de manter os procedimentos de segurança. “Não se podem esquecer que o vírus vem de fora para dentro”, alertou. “Sinto-me orgulhoso e muito honrado por estar aqui presente”, afirmou na “cerimónia simples”, mas “muito significativa”, que incluiu a homenagem a uma enfermeira que trabalhou na última década na instituição e que agora está de saída. “Eu, em nome da mesa administrativa, quero não só agradecer pelo empenhamento que todos prestaram, pela dedicação, disponibilidade e pelos vossos afetos”, afirmou.
Durante a entrega dos certificados e de uma pequena lembrança, uma colaboradora da ERPI agradeceu o “gesto bonito e gratificante” da instituição. “Nada como o reconhecimento dos nossos superiores do sacrifício que representou para todos nós estes quatro meses de trabalho. Doze horas de trabalho, durante cinco dias consecutivos, como fizemos durante cerca de dois meses foram muito duros. Passámos por momentos muito difíceis que só foram possível de ultrapassar com um verdadeiro espírito de equipa, espírito de sacrifício e a confiança plena nos nossos superiores. Trabalharam ao nosso lado, dividindo tarefas, partilhando tudo, até o cansaço. Esperemos não ter que repetir esta experiência. No entanto, se tal vier a acontecer, fá-lo-emos de igual modo, agora na certeza de que somos reconhecidos. E isso é bom”, afirmou.
O capelão da Misericórdia de Faro, padre Rui Barros Guerreiro, que presidiu à eucaristia, explicou que a mesma foi celebrada em “ação de graças” pelo facto de a instituição ter sido “poupada” a que até agora “algum caso acontecesse”.
Na homenagem desta tarde, estiveram presentes as diretoras técnicas, os encarregados e um profissional indicado pelos trabalhadores de cada ERPI/UCC, as diretoras técnicas dos infantários, a enfermeira chefe dos cuidados continuados e outros técnicos equiparados a diretores.
Voz das Misericórdias, Samuel Mendonça