Nove Misericórdias assinaram contratos de financiamento no âmbito do Fundo Rainha Dona Leonor (FRDL), num investimento que ultrapassa 1,5 milhões de euros. Caminha, Coimbra, Freixo de Espada à Cinta, Paredes, Ponte de Lima, Sever do Vouga, Vila Flor e Obra da Figueira juntam-se assim às 81 Misericórdias apoiadas pelo FRDL desde 2015.

A cerimónia que formalizou o apoio a projetos na área da infância, juventude, terceira idade e património reuniu representantes das instituições beneficiárias, União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), no dia 29 de junho, em Lisboa.

O dia foi de renovação de votos para as entidades parceiras do FRDL. Valorizando a oportunidade de cooperação e partilha de boas práticas, o provedor da SCML manifestou, durante a sessão, o seu empenho em dar continuidade a este “trabalho conjunto” com particular incidência no património cultural das instituições.  “Por ser Ano Europeu do Património Cultural podemos dar enfoque especial ao património cultural religioso e não só. Queremos continuar este trabalho, esse é o nosso compromisso”, referiu Edmundo Martinho. 

Da mesma forma, o presidente da UMP firmou a sua intenção de apostar na “recuperação e salvaguarda do património”, enquanto elemento distintivo das restantes instituições do setor social e solidário. Uns meses depois da criação de uma verba destinada à reabilitação do património, no âmbito da segunda fase do FRDL, Manuel de Lemos confirmou estar a trabalhar com a SCML “no sentido de avançar com o trabalho nesta área.  A salvaguarda do património é algo que distingue as Misericórdias das restantes IPSS do país”.

Para o presidente do Secretariado Nacional da UMP, a defesa de objetivos comuns, mediante a salvaguarda da “autonomia e independência de cada um”, permite ultrapassar constrangimentos de ordem financeira, mas, sobretudo, “faz de nós instituições mais fortes e capazes”. 

Em representação das nove Misericórdias agraciadas, o provedor de Ponte de Lima reconheceu o esforço da UMP na defesa dos interesses das associadas e valorizou esta parceria com a SCML que vai ao “encontro das necessidades” das instituições. “Os momentos são difíceis, em termos financeiros, para as Misericórdias. Mas esta ajuda para a recuperação do património é bem-vinda e força-nos a fazer ainda mais. A cultura faz parte da essência das Misericórdias”, defendeu em jeito de apelo.  

Para já, o fundo criado pela Misericórdia de Lisboa em parceria com a UMP vai disponibilizar cerca de 1,61 milhões de euros para apoiar as congéneres de Caminha (38.375,10 €), Coimbra (234.881,86 €), Freixo de Espada à Cinta (90.000,00 €), Paredes (180.085,23€), Ponte de Lima (241.480,31 €), Sever do Vouga (125.000,00 €), Vila Flor (230.055,85 €), Obra da Figueira (212.139,02) e, na área do património, Évora (258.689,52€).

Incluindo estes nove projetos, o fundo criado pela Santa Casa de Lisboa em parceria com a UMP apoiou, desde 2015, 90 Misericórdias, em todo o país (ilhas incluídas), num valor que ultrapassa os 15 milhões de euros. Sem contar com estes nove, 38 destes projetos já foram concluídos, inaugurados e abertos ao público, em todo o país.

Em 2017, o FRDL entrou num novo ciclo que contempla quatro alterações: valorização do envelhecimento ativo, intergeracionalidade, inovação social e, pela primeira vez, reabilitação do património. Essa verba permitiu no arranque de 2018 apoiar nove Misericórdias na requalificação de igrejas e criação de núcleos museológicos, a que se junta agora Évora. Para Inês Dentinho, membro do conselho de gestão do FRDL, estas intervenções assumem especial relevo no âmbito do Ano Europeu do Património Cultural.

Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas