Com apoio do ‘Gulbenkina Cuida’, a Misericórdia de Fronteira reforçou os serviços prestados a utentes de SAD e centro de dia

A pensar na segurança e bem-estar dos seus utentes, e consciente de que o confinamento social poderia agravar o isolamento dos idosos da sua comunidade, a Misericórdia de Fronteira desenvolveu um projeto focado no reforço dos cuidados de proximidade, que disponibiliza serviços adequados àquilo que as carências sentidas pelos beneficiários dos serviços de apoio domiciliário e centro de dia.

O “Cuida em casa”, que mereceu o apoio da iniciativa “Gulbenkian Cuida” no quadro do Fundo de Emergência Covid-19, surge no contexto de confinamento social causado pela pandemia e assenta em serviços prestados por uma equipa especializada em apoio domiciliário com o propósito de minimizar as consequências do isolamento social.

Em declarações ao Voz das Misericórdias, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Fronteira, Jaime Teles, explica que o conceito “Cuida em casa” surgiu porque “sentimos que seria importante disponibilizar mais serviços no apoio aos beneficiários das respostas sociais de centro de dia e apoio domiciliário, adaptado esta nova realidade”. O responsável refere ainda que a prioridade da instituição no desenvolvimento do projeto passou por “satisfazer as necessidades básicas, proporcionar mais bem-estar físico e emocional e diminuir o isolamento dos nossos utentes”.

O “Cuida em casa” disponibiliza um conjunto de serviços ao nível do apoio domiciliário, tendo sido implementado nos dois centros de dia da área de ação da Misericórdia, que se localizam em Fronteira e Vale de Maceiras. Além dos serviços habituais prestados por este tipo de resposta social, a iniciativa facilita aos utentes o contacto com as famílias, via telefone ou videochamadas, bem como outras formas de respostas às suas necessidades diárias.

A equipa responsável por estes serviços é formada por quatro colaboradores de apoio direto aos utentes e, neste momento, após a experiência dos primeiros meses da implementação do projeto, a Misericórdia de Fronteira já conseguiu constatar que “seria muito útil o reforço da equipa com um técnico na área da gerontopsicomotricidade para diminuição e prevenção dos problemas na área cognitiva e de mobilidade”.

Foi com muito agrado que todos os beneficiários destes serviços receberam a iniciativa. Desde o início do projeto são apoiados, diariamente, cerca de 75 idosos nas suas residências. Como faz questão de sublinhar o provedor, “a melhor forma de avaliar o impacto deste projeto, é através da satisfação dos nossos utentes pela prestação de serviços desta equipa”. Passados quatro meses, o balanço é “muito positivo”, garante. “Podemos afirmar que, na maioria dos casos, os colaboradores da Misericórdia de Fronteira são a única visita que os idosos recebem, sendo também eles que fazem a ponte com o exterior”, constata Jaime Teles, consciente de que esta presença diária é uma forma de colmatar algumas das consequências do isolamento.

Para Arminda Matos e Severino Marques, de 78 e 81 anos, residentes em Vale de Seda e que são utentes do centro de dia desde 2010, o “Cuida em casa” tem sido muito importante. “Ficamos muito felizes com a vinda das pessoas da Misericórdia à nossa casa, porque nos ajudam e conversam connosco. Vêm trazer as refeições duas vezes por dia, os medicamentos, medem a temperatura e até nos vão buscar o correio”, referem, mostrando o seu agrado por terem quem os ajude em questões como estas nesta fase em que estão bastante condicionados nas suas deslocações. Também o facto de a animadora sociocultural Sandra lhes telefonar todos os dias parece ser algo importante para estes utentes, que confessam que estão “sempre à espera desse telefonema para podermos falar um pouco”.

Manuel Bandola, de 90 anos, reside em Fronteira, mora sozinho, é diabético, e utente de centro de dia desde 2016. Ao Voz das Misericórdias confessou estar “muito aborrecido por estar em casa sozinho” e por isso “este serviço veio ajudar-me muito, muito, muito. Eles é que me fazem tudo, veem os diabetes, as insulinas, a temperatura. Ajudam-me em tudo e estou muito agradecido pelo que têm feito por mim”, reconhece.

Voz das Misericórdias, Patrícia Leitão