O vinho Quinta d´Arraboa, produzido pela Misericórdia do Fundão, foi premiado no 17º Concurso de Vinhos da Beira Interior

Não é a primeira vez que que o vinho Quinta d´Arraboa, produzido pela Santa Casa da Misericórdia do Fundão, é premiado. Desta vez, foi a colheita de 2021 que conquistou o galardão no decurso do 17º Concurso de Vinhos da Beira Interior, organizado pela Comissão Vitivinícola Regional.

Num universo de 90 vinhos a concurso, os provadores e enólogos de várias regiões vitivinícolas que constituíram o júri, presidido pelo crítico Aníbal Coutinho, atribuíram ao vinho Quinta d’Arraboa (Denominação de Origem Controlada) a pontuação suficiente para um prémio “que muito prestigia a Misericórdia”, afirma Jorge Gaspar.

Mas o prémio também vem confirmar que a aposta da Santa Casa, em produzir a própria marca de vinho, estava certa quando, em 2014, decidiu deixar de entregar à adega local as uvas de 10 hectares de vinha que possui na Quinta da Panasqueira, para produzir o seu próprio vinho.

“O vinho acaba por ser uma fonte de receita da Santa Casa, como são os prédios que a Misericórdia tem. A decisão de produzir vinho é acrescentar valor ao produto que antes vendíamos para a adega, dava para as despesas e às vezes não chegava. Com a produção de vinho estamos a acrescentar valor, o que nos permite ter algum encaixa financeiro”, explica o provedor.

Apesar das vinhas se situarem na Quinta da Panasqueira, a Misericórdia fundanense decidiu dar, simbolicamente, ao vinho o nome da primeira quinta doada à instituição, a Quinta da Arraboa.

“As quintas estão associadas a este grande projeto social que é a Misericórdia, em todas produzimos produtos que utilizamos nas nossas respostas sociais, seja na saúde, na infância, na educação ou na cultura, tudo o que é gerado nas nossas quintas acaba por ter essa finalidade social.”

E logo no primeiro vinho que lançou, em 2016, na altura para comemorar os 500 anos da Misericórdia, o Quinta d´Arraboa, com um rótulo desenhado pelo mestre Manuel Cargaleiro, recebeu uma medalha de ouro.

Outra colheita, mas a mesma marca e qualidade voltam a ser confirmadas, oito anos depois, com esta medalha de ouro conseguida num concurso de provas cegas, isto é, o júri não tem acesso nem ao nome do produtor nem ao rótulo do vinho.

Uma medalha que acrescenta valor a um produto de qualidade numa garrafa que tem a assinatura de Manuel Cargaleiro, que ofereceu esta obra de arte à Misericórdia, na passagem dos seus 500 anos, e que a instituição vai manter: “É intenção manter este rótulo em homenagem ao mestre Cargaleiro que, infelizmente, deixou-nos no dia imediatamente a seguir àquele em que recebemos a medalha de ouro”.

O sucesso desta aposta levou a Misericórdia a diversificar as castas da vinha para aumentar a produção, a qualidade e a diversidade, que se traduziu no lançamento, em 2023, do primeiro vinho reserva e do primeiro vinho branco. O próximo desafio “é avançar para um rosé”, conclui o provedor, Jorge Gaspar, sobre este projeto vitivinícola da Misericórdia que produz 40 mil garrafas de vinho por ano.

Paula Brito, Voz das Misericórdias