Utentes da Misericórdia de Guimarães integraram projetos no âmbito da bienal de arte têxtil contemporânea, Contextile

Arrancou em setembro a exposição com trabalhos realizados por utentes da Misericórdia de Guimarães, em colaboração com artistas internacionais. Patente no Percurso Museológico da instituição, a mostra acontece no âmbito da bienal de arte têxtil contemporânea, Contextile, a decorrer em Guimarães entre 3 de setembro e 30 de outubro.

A colaboração entre a Misericórdia e a Contextile, através do seu diretor António Pinheiro e da diretora artística Cláudia Melo, já tinha acontecido em 2018 e agora repetiu-se ao promover o envolvimento da população idosa nesta iniciativa. A região de Vale do Ave, que abrange a cidade de Guimarães, tem uma forte ligação histórica à indústria têxtil, como conta António Matos, diretor da unidade funcional de animação sociocultural da Misericórdia de Guimarães: “Muitos dos nossos utentes são pessoas que trabalhavam nessas fábricas, quer nos teares, na fiação, na tinturaria, no corte, na costura, ou que trabalharam a terra, o moinho, a estopa, todo aquele processo até à fase final do fio para tecer.”

Assim, no âmbito do projeto europeu ‘Magic Carpets’, os utentes trabalharam com duas artistas de têxtil internacionais: Indre Spitryte, da Lituânia, e Adelina Ivan, da Roménia. Com um grande interesse da parte das artistas na “recolha de memória que a terceira idade mantém e por vezes não estão escritas, mas estão na memória”, não surgiu qualquer barreira de comunicação. “O gesto e a intenção que o artista põe no propósito do seu trabalho”, aliado ao conhecimento dos utentes (assim como ao acompanhamento nas sessões de um responsável de animação sociocultural), garantiu um funcionamento produtivo e criativo.

O resultado final das atividades ficou exposto no Percurso Museológico da Misericórdia de Guimarães a partir do dia 2 de setembro, tendo alguns dos próprios utentes tido já oportunidade de ver em exposição as respetivas obras. Além da clara satisfação ao verem algo que ajudaram a criar, o trabalho final remete os utentes para o contacto com a artista, como confirma António Matos: “Depois também existe uma parte muito carinhosa e muito afetiva, existe muita empatia entre o próprio utente e o artista que leva a um trabalho final rico”.

A Misericórdia de Guimarães colaborou ainda com a Contextile na cedência de espaços para a bienal, nomeadamente o Centro de Solidariedade Humana Prof. Emídio Guerreiro, o Lar Residencial Alecrim/Centro de Atividades Ocupacionais e a Casa de Repouso de Donim.

Voz das Misericórdias. Duarte Ferreira