Pela primeira vez em quase 30 anos, uma mulher foi reconhecida nas jornadas de medicina geral e familiar como uma “figura ilustríssima da medicina”, que assumiu desde cedo como prioridade, na sua liderança e percurso na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (UP), a “transformação de pessoas” e a “humanização na formação dos futuros médicos”, justificou o vice-presidente das jornadas, Rui Cernadas.
Na retrospetiva, onde lembrou os principais marcos de carreira da ex-diretora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e as distinções que somou ao longo da vida, o médico destacou ainda a “mulher de pulso firme e inteligente nas decisões” e o “exemplo na necessidade de mudança ao nível da igualdade de género”.
Momentos antes de formalizar a homenagem pública, o ministro da Saúde dirigiu uma “palavra muito especial à Professora Maria Amélia Ferreira” e recordou com “inevitável nostalgia a jovem assistente de anatomia” que lhe deu aulas nos tempos de estudante na Faculdade de Medicina da UP. Desse período, destacou as aprendizagens e, sobretudo, uma “lição muito importante sobre rigor e seriedade” indispensáveis à profissão de médico. “Não tenho nenhuma dúvida de que essa jovem assistente foi inspiradora na nossa vida”, concluiu Manuel Pizarro.
O discurso da condecorada ficou marcado pela paixão pelo ensino, formação de pessoas e cuidado aos mais vulneráveis, numa ligação indissociável entre saúde e ação social, em torno de três eixos centrais, a universidade, misericórdia e casa-família. Nesta reflexão, Maria Amélia Ferreira congratulou-se pela distinção que “quebrou uma hegemonia masculina ao fim de 27 anos” e lembrou o “papel que todos podemos desenvolver nas comunidades, na constituição de legados de ordem imaterial, de que é exemplo o cuidar dos mais desprotegidos, na doença e pobreza, com que nos confrontamos no nosso exercício profissional”.
A manhã ficou ainda marcada por um debate sobre a “saúde social no envelhecimento”, que contou com a participação do médico e vice-presidente da UMP, Manuel Caldas de Almeida, da secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, do diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, e dos investigadores e docentes Henrique Almeida (Faculdade de Medicina da Universidade do Porto) e Alice Bastos (Instituto Politécnico de Viana do Castelo).
No painel, onde se cruzaram diferentes abordagens sobre o envelhecimento, Caldas de Almeida declarou como fundamental o “trabalho conjunto entre a saúde e segurança social no envelhecimento ativo e saudável”, dando como exemplo de interdisciplinaridade entre as duas áreas o “potencial enorme” de iniciativas como os balcões SNS24 em estruturas residenciais de Misericórdias.
Notícia completa para ler na próxima edição do Voz das Misericórdias.