Depois de Vila Real de Santo António e Lagos, Loulé foi o terceiro concelho algarvio a receber a visita do Presidente da República, no dia 26 de julho. No âmbito deste conjunto de incursões pela região, Marcelo Rebelo de Sousa visitou o lar de idosos da Misericórdia de Boliqueime, cumprindo a promessa feita durante o foco de infeção de Covid-19 na estrutura residencial.
Recordando as adversidades superadas em abril, o chefe de Estado português deixou uma mensagem de “solidariedade” e união aos utentes, funcionários e órgãos sociais da instituição onde procurou “homenagear o esforço coletivo num momento muito dramático na vida de todos, que envolveu uma instituição com história, mas com futuro, e que foi apoiada pelo município, pela freguesia e pela comunidade”. Depois de Boliqueime, Marcelo Rebelo de Sousa seguiu para um encontro com britânicos e investidores residentes do concelho.
Nesta ocasião, a provedora da Santa Casa algarvia aproveitou para agradecer a dedicação de todos os homens e mulheres que “não desistiram, não abandonaram os seus postos de trabalho e não viraram costas aos utentes, aqueles que mais que nunca, estavam nessa altura totalmente dependentes não só do seu cuidado, mas também do seu carinho”.
Enquanto persistiu o surto, Sílvia Sebastião reconhece que foi determinante o apoio prestado pelas autoridades locais (autarquia, junta de freguesia), entidades na área da saúde, Proteção Civil, Centro Distrital da Segurança Social de Faro e União das Misericórdias Portuguesas.
Em várias fases, a Santa Casa contou com o apoio “permanente e constante” do Presidente da República, através de mensagens de gratidão enviadas por videochamada e, mais uma vez, neste momento de rescaldo, com uma visita que, nas palavras da provedora, “muito encoraja e estimula a prosseguir de cabeça erguida neste íngreme caminho que temos percorrido”.
Apesar de todos os cuidados de segurança e higiene, decorrentes dos planos de contingência em vigor, o primeiro caso no lar foi detetado a 31 de março, provocando quatro dezenas de infetados, a maioria idosos, mas também alguns funcionários, e cinco óbitos, entre os utentes.
Depois de dois meses conturbados, a Misericórdia de Boliqueime não regista qualquer caso de infeção desde o dia 1 de junho, mantendo-se, contudo, vigilante para, nas palavras da provedora, “continuar o combate contra este pequeno, mas terrível inimigo invisível”.
A visita do Presidente da República a Boliqueime contou ainda com uma sessão na Igreja Matriz de São Sebastião, onde o responsável do município deixou uma palavra de apreço a todos os profissionais que tiveram um papel determinante nesta situação de crise sanitária.
Lídia Jorge, escritora natural da terra, foi outra convidada especial deste encontro, brindando a plateia com um discurso onde lembrou o papel central da Misericórdia na comunidade, enquanto “casa mãe, aglutinadora, reparadora, acolhedora, ao mesmo tempo um polo dinamizador de ação de solidariedade para com os mais velhos, e instituição de auxílio para com as famílias que a ela entregam os seus parentes, confiadamente”.
"Nem tudo é perfeito, mas muito tende para que o seja. Ali dentro, tenho sido testemunha de situações reveladoras de grande altura profissional e elevada subtileza de alma"
Lídia Jorge, escritora, sobre o lar da Misericórdia de Boliqueime durante a visita do Presidente da República no dia 26 de julho
Voz das Misericórdias, Ana Cargaleiro de Freitas